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Ágatha sobre a pandemia: “Duda e eu não paramos”

Ágatha fala da preparação olímpica, dos prejuízos e ganhos da paralisação durante a pandemia e da volta às competições
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A paranaense Ágatha é a experiência em meio à juventude entre as atletas que representarão o Brasil nos Jogos de Tóquio. Aos 37 anos, a bloqueadora, medalhista de prata na Rio-2016, viu adiada em um ano sua segunda participação olímpica, mas não lamentou. Além de trabalhar o corpo em casa, durante a quarentena por conta da pandemia da COVID-19, Ágatha revelou como o time formado com Duda se manteve forte psicologicamente.

Além de tocar projetos que vinham sendo adiados, a experiência foi aliada no período difícil. Em entrevista à Confederação Brasileira de Voleibol, Ágatha comentou como foi o retorno aos treinamentos, a expectativa para voltar a competir em setembro, com o Circuito Brasileiro Open de vôlei de praia, e como será o planejamento visando a disputa olímpica no próximo ano, em Tóquio.

Como foi a retomada dos treinos. É uma espécie de segunda pré-temporada?
A sensação é de que é um retorno um pouco mais avançado do que de uma pré-temporada. Duda e eu não paramos neste período, malhamos em nossas casas, mantivemos a parte física. Foi diferente, por exemplo, de quando estamos de férias e ficamos um período maior sem trabalhar a parte física. O que perdemos mais durante o confinamento, e todo mundo perdeu, foi a questão do ritmo de jogo. Isso com certeza vamos retomar quando voltarmos às competições. Tentamos reproduzir nos treinos, mas não é a mesma coisa, existem componentes emocionais, o frio na barriga, tudo isso conta na hora de decisão.

O período de quarentena, sem treinos, viagens e competições, permitiu realizar algum projeto ou atividade diferente?
Fiz projetos pessoais, lancei meu site pessoal e o site do meu projeto social. Coisas que queria resolver há muito tempo e encontrei neste momento. Até aproveitar mais momentos com o Renan (Rippel, marido e preparador físico), vivemos uma relação muito intensa pelo lado profissional e pudemos apreciar mais a vida de marido e mulher (risos). Também fizemos arrecadação de cestas básicas junto de outros atletas, inclusive de fora do país, buscando fazer um pouco para ajudar quem está em situação de vulnerabilidade. Temos que tentar tirar um lado positivo, mesmo em situações muito difíceis como a que estamos vivendo. Temos uma situação privilegiada, de saúde, um teto, que infelizmente grande parte da população não tem. Ter ficado em casa também é uma grande novidade. São muitos anos passando meses longe, viajando para o Circuito Mundial e Brasileiro. Tive a chance de aproveitar mais minha casa, fiquei cerca de três semanas confinada com minha família no Paraná.

Manter a saúde mental também foi um desafio?
Acredito que isso nunca aconteceu a nenhum atleta de vôlei de praia, foi tudo muito novo. Mas, falando do meu time, conseguimos manter uma cabeça legal, mantivemos o trabalho com nosso psicólogo, mantendo as consultas e apoiando uns aos outros. Isso foi bastante importante. E o fato de seguirmos ativas, treinando a parte física cada uma em sua casa, mas utilizando a internet para estarmos próximas. Acho que isso nos ajudou neste período.

Como vê a retomada do Circuito Brasileiro no CDV, com os protocolos de prevenção?
É muito bom ver nossa modalidade voltando aos poucos, estamos felizes em poder voltar a competir. Sabemos que a etapa ainda não será aberta à torcida e com número menor de duplas para não termos aglomeração no CDV, mas é algo que precisa ser feito neste momento. Temos que pensar na saúde de todos e seguir os cuidados necessários. Só o fato de estarmos voltando a jogar é incrível. Algumas modalidades ainda nem calendário têm, estão em uma situação de indefinição maior. E pensando a longo prazo, ficamos muito tempo parados. O retorno das competições será ótimo para pegar ritmo, para nos colocarmos em situações de aprendizado. Nos torneios é que observamos o que está dando certo e o que está dando errado. O treino não expõe tanto como nas competições. Então, ter essas competições neste ano, é importante demais pensando em Tóquio.

Qual foi a reação com o adiamento dos Jogos?
Recebemos a notícia do adiamento dos Jogos até com uma expectativa de que era o correto a se fazer. Quando as competições internacionais começaram a ser canceladas, vimos que não faria sentido, os atletas não conseguiriam se preparar da maneira correta. E isso para o mundo todo, várias modalidades, países com índices de contágio altíssimos. Era algo esperado para nós. Vimos que era algo necessário. E então, nossa preocupação passou a ser ficar bem neste período, manter a parte física e a cabeça boa, pois não sabíamos quanto tempo iria durar.

E como será o planejamento para Tóquio?
A preparação está sendo montada aos poucos, pois estamos voltando de um momento novo para o mundo. Voltar passo a passo, pegar ritmo, voltar a competir, estudar os times, sentir novamente as emoções, para depois pensar em Tóquio. Todo esse processo, esse percurso, será uma preparação para os Jogos. Mas imagino que a gente vá ter um descanso no final do ano, para zerar e voltar em janeiro com a preparação e pré-temporada pensando em Tóquio. Por enquanto, estamos aguardando algumas definições do Circuito Mundial, que é onde encaramos as duplas estrangeiras, nos colocamos a prova.

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