O desabafo de um atleta com duas medalhas olímpicas deve ser ouvido com atenção. Campeão na Rio-2016 ao lado de Bruno Schmidt e vice em Londres-2012 com Emanuel, Alison caiu nas quartas de final dos Jogos de Tóquio, junto com o parceiro Álvaro Filho, na derrota para os letões Plavins e Tocs por 2 a 0. Na saída da quadra, desabafou.
– O mundo está investindo no vôlei de praia e gente está parado. Tem de melhorar, a CBV tem de investir mais – falou ao SporTV.
Na sequência, Alison foi além, cobrando mais etapas do Circuito Brasileiro de vôlei de praia, uma forma de aumentar a possibilidade do surgimento de novos atletas. Também pediu mais diálogo com os atletas.
– O Brasil ganhou a medalha de ouro em 2016 e não mudou nada, sem nenhum investimento. O circuito continuou o mesmo, tudo paralisado, com menos etapas. Esperando só Alison e Bruno, Alison e Bruno, como foi com Ricardo e Emanuel. Lá atrás, quando comecei a jogar vôlei, eram 24 etapas no circuito brasileiro. Quanto mais você joga, mais aparecem jogadores; quanto mais sistema seletivo você fica, pegando um atleta e dando tudo para ele, mais roleta russa fica. Tanto é que foi muito difícil para a gente se classificar. É só olhar no Circuito Mundial para ver quantos times brasileiros têm – comentou Alison.
Durante sua análise, o Mamute citou a presença de duas duplas da Letônia nas semifinais olímpicas. Além de Plavins e Tocs no masculino, Graudina e Kravcenoka estão na disputa por medalha no feminino.
– Brasil e Estados Unidos não dominam mais. Temos que sentar e conversar. Até hoje não fomos perguntados sobre nossa opinião. Não é só trazer os times para o Mundial. É ter um circuito mais forte, é valorizar categorias de base e comissões técnicas. Nosso centro de treinamentos em Vitória, quem banca somos nós dois. São 17 funcionários – disse Alison.
Pela primeira vez desde a inclusão do vôlei de praia no programa olímpico, em Atlanta-96, o Brasil não conquistará uma medalha no masculino ou no feminino.
Sobre o próprio futuro, Alison deixou dúvidas no ar. Ele completará 36 anos em dezembro e promete refletir na volta para o Brasil:
– Volto para casa agora, para minha família. O primeiro a saber sobre meu futuro vai ser o Álvaro, o segundo vai ser minha equipe. Eu só vou continuar no ciclo olímpico se for competitivo, como fui nesses Jogos. Se não, não vou queimar a minha história só para vir para mais uma edição, para dizer que vim na minha quarta Olimpíada. Minha chama está acesa, mas agora não posso responder.