Foram 11 temporadas no mesmo projeto, até a saída em 2015. No fim de 2019, o retorno, com novo status. A trajetória de Amanda se confunde com a última década e meia do Sesc (antes com patrocínio da Unilever). Uma jogadora identificada com a torcida, com a comissão técnica de Bernardinho e em busca de algumas realizações profissionais talvez na melhor fase da carreira.
Aos 31 anos, a ponteira de 1,82m virou capitã nesta volta ao Rio de Janeiro, mesmo em um grupo com atletas renomadas como Fabíola, Juciely e Tandara. Amanda já vinha com mais responsabilidade em quadra após ganhar tempo em quadra com a Seleção Brasileira nas últimas temporadas. E não vem sendo diferente nesta Superliga.
Nesta entrevista por e-mail ao Web Vôlei, Amanda fala sobre o momento no Sesc, os planos com a Seleção Brasileira para o ano olímpico e como lida com as críticas.
1) Você tem uma relação especial com o projeto do time do Rio, patrocinado nos últimos anos pelo Sesc. Você se surpreendeu com o carinho da torcida ao retornar nesta temporada?
Fiquei muito feliz em retornar e receber o carinho dos torcedores. Essa torcida é incrível. Sempre que jogava aqui, mesmo quando vinha com outros times, recebia o mesmo carinho.
2) Como ficou definido que você seria a capitã? Foi uma conversa com o Bernardo? Você ficou surpresa?
Ele é um grande líder, fico feliz em poder ajudar nessa função também, mas o mais importante é poder contar com outras líderes no grupo. Numa equipe, é muito importante termos a colaboração de outras lideranças e ter esse respeito mútuo também. Só agrega o trabalho e fortalece os laços.
3) Você trabalha com os dois técnicos do país no clube e na Seleção. Como define o estilo de cada um deles?
São gigantes. Tenho o prazer de poder trabalhar com os dois mais vitoriosos do esporte. Muita experiência que eles nos passam e generosidade em gostarem de ensinar. É fantástico.
4) Qual análise você faz da performance do Sesc nesta primeira metade de temporada?
Estamos no caminho do desenvolvimento. Longe do ideal, mas no caminho. Fizemos um bom primeiro turno, mas ainda não é o suficiente. Precisamos evoluir mais. No segundo turno as equipes se conhecem mais e os jogos ficam mais duros, estamos sempre na busca pela evolução e consistência.
5) Você já falou algumas vezes, mas muita gente ainda pergunta. Como surgiu o movimento peculiar do seu saque?
Foi com o tempo mesmo. Uma rotina que eu nem lembro como se desenvolveu. Já virou característica , assim como outros atletas de vários esportes têm rotinas diferentes. Eu penso que o que mais importa é o aperfeiçoamento, não se é igual ou diferente do normal. Afinal de contas, somos todos diferentes.
6) Nos últimos anos você conviveu com algumas críticas bem cruéis. Como lidou com elas? O quanto amadureceu por conta disso?
Eu só faço o meu trabalho e ponto. Isso é o mais importante pra mim. Minha dedicação, minha disciplina comigo mesma e o respeito com o que eu faço e com o trabalho das equipes as quais eu represento. Quem me conhece de verdade sabe de tudo isso, e isso pra mim é o que mais importa.
7) Você costuma acompanhar postagens de fãs em redes sociais? Existe um ambiente bem tóxico muitas vezes. Tem essa mesma impressão?
As pessoas expressam todos os tipos de conteúdo nas redes sociais. Vivemos uma onda tecnológica muito grande e os comportamentos nas redes são diversos, positivos e negativos. Em todas as áreas. O ambiente é responsabilidade das pessoas, seja ele real ou virtual. Mas acho que podemos, num modo geral, usar as redes como elo positivo, buscar informações que agregam à sua vida e distribuir conteúdos que faça uma diferença positiva na vida das pessoas, pois tudo que você deseja para o próximo é o reflexo do que se deseja pra si mesmo.
8) Você tem feito parte de todo o ciclo olímpico. Como lida com a proximidade da definição da Seleção para Tóquio-2020? É um sonho, uma obsessão, o principal objetivo da carreira?
Fico muito feliz em fazer parte do ciclo olímpico. Olimpíada é o sonho de qualquer atleta no mundo e é preciso muito trabalho, resiliência e empenho pra estar lá. Se dedicar não basta, tem que se entregar completamente.
9) Amanda, você será a vice-presidente da nova comissão de atletas da CBV. Como surgiu a oportunidade? O que você pensa ser prioridade para tentar mudar em benefício dos atletas nesta nova função?
O Rapha (levantador do EMS/Taubaté) me chamou para ser o vice na chapa dele e fiquei feliz com o convite. Acredito que fazemos parte de uma comunidade esportiva as quais temos responsabilidade em deixar um legado bacana, escutar, ser voz e dar voz àqueles que querem ser escutados. Somos os atletas, também buscamos o melhor para o nosso esporte, vivemos dele, somos apaixonados e o objetivo é contribuir para que ele evolua e melhore em todos os aspectos.
10) Para encerrar, escolha o principal momento da sua carreira. E explique o motivo.
Tive grandes momentos na carreira. Os títulos em clubes diferentes e meu ciclo com a Seleção foram alguns deles. Ser atleta é ser intenso, e fazer uma cartela de momentos inesquecíveis e bacanas é o que conta no todo.