Uma das convocações mais aguardadas para o início de trabalho da Seleção Brasileira feminina, em 2023, era a da ponteira Ana Cristina. Considerada uma das mais talentosas atletas da nova geração, ela havia pedido dispensa na parte final da temporada passada, se ausentando do Campeonato Mundial, para poder fazer toda a fase de preparação do Fenerbahce, em busca de espaço no time. Ela conseguiu e foi protagonista na conquista do Campeonato Turco. Presente na lista de José Roberto Guimarães para a primeira semana da Liga das Nações, ela viajou nesta madrugada para o Japão.
Neste sábado, antes do embarque, Zé Roberto falou sobre Ana Cristina na entrevista exclusiva ao Web Vôlei. O técnico admite que a ponteira fez falta no último Mundial, mas elogiou o momento vivido por ela na Turquia. O técnico, inclusive, esteve no país europeu semanas atrás e conversou com a ponteira e os pais.
– Todas essas opções são escolhas e fazem parte de cada uma. Eu não posso falar se ela acertou. Eu senti muita falta dela. Acho que ela poderia ter nos ajudado muito no Mundial. Mas era o momento que ela estava vivendo e isso a gente tem de respeitar. Falei isso com os pais dela quando nos encontramos agora na Turquia – revelou o técnico.
Em 2022, Ana Cristina chegou a atuar durante a Liga das Nações, mas sem se firmar como titular. E o técnico falou sobre as decisões tomadas na ocasião.
– No ano passado, ela não chegou mal, mas não estava jogando, estava no banco o tempo todo, sem ritmo e chegou na Seleção com expectativa alta. E ela chegou e foi para o banco. E a Seleção é assim. Tenho de pensar na Ana, em dar ritmo para ela, para jogar quem estiver melhor. Na terceira etapa, tiramos a Lorenne e a Ana Cristina do elenco, porque achamos que a Ana precisava treinar mais para jogar. No jogo, você diminui a parte física e o tempo de treino. Naquela semana, a gente colocou a Ana para fazer peso todo dia, treinar uma hora a mais de bola, treinando forte, saque, coisa que ela não iria fazer se estivesse na etapa. Na fase final, quando ela veio de volta, jogou o que jogou contra Itália na saída.
Sobre a ausência de Ana Cristina, Zé Roberto lembrou das baixas também de Diana (cirurgia ortognática) e Julia Bergmann (volta para estudar nos Estados Unidos). E admite que as ponteiras fizeram falta.
– Eu senti muito porque acho que poderiam ter ajudado. Não tínhamos a Diana também, mas as “Carols” (Gattaz e Carolana) estavam muito bem, enfim, tínhamos a Julia (Kudiess), a Lorena… Mas as duas ponteiras poderiam ter ajudado mais pelo numero de opções que a gente poderia ter. Senti demais, foi uma pena, mas respeito. Acho que ela teve o seu tempo. E o mais legal. Ela me disse: “Zé, estou pronta pra jogar, quero muito estar junto com o time, é o meu time, meu sonho. Você sabe disso”. Pronto, isso é que é o importante. Ela está feliz e mostrou pelo Fener uma uma personalidade incrível. Ela segurou em alguns momentos quase sozinha durante toda a trajetória. Quando estava jogando a Lazareva a coisa não estava encaixada. Quando a Vargas chegou, as duas (Ana Cristina e Fedorovtseva) cresceram mais, porque o jogo ficou mais distribuído. Para a Ana foi muito importante tudo o que aconteceu. Ela foi colocada à prova, passou por momentos difíceis, superou e foi uma das melhores do time, campeã turca com méritos. E a Macris também ajudou. Foi ótimo – finalizou Zé Roberto (confira a íntegra da entrevista abaixo).