O propósito da primeira edição do Congresso Internacional de Voleibol é levar aos participantes informações ampliadas acerca da modalidade. Seguindo essa linha, os temas abordados pelos palestrantes, Henrique Modenesi e Hélio Griner, na última sexta-feira, foram a análise de desempenho e treino técnico feminino. O evento acontece em São José dos Pinhais (PR) e encerra no domingo.
Abordando a análise de dados aplicados ao voleibol, Henrique Modenesi falou sobre o software Data Volley e a utilização de estatísticas para treinamentos, estudos pré-jogo e aplicação prática. Modenesi é analista de desempenho da seleção brasileira masculina e na última Superliga A atuou no Vôlei Ribeirão como analista de desempenho e auxiliar técnico. O analista destacou que nos últimos anos, especialmente a partir de inovações tecnológicas, houve uma evolução da análise de dados que permitem o desenvolvimento do voleibol.
– A tecnologia está sendo fundamental para facilitar a nossa análise e ter um banco de dados maior. Antigamente era muito difícil trocar jogo, hoje em dia a gente tem acesso a jogos do mundo todo. Os computadores e a qualidade do vídeo evoluíram, fica muito mais fácil pegar detalhes que você não conseguia antes. O software evoluiu também, ele te dá mais customizações, dá a possibilidade de colocar seus critérios e analisar do seu jeito. É claro que a análise de desempenho é muito importante, porque dá parâmetros, direcionamentos e critérios, para não desperdiçar a atenção em detalhes que não são tão importantes – explicou Modenesi.
Hélio Griner
O assistente-técnico do Sesc (RJ), Hélio Griner, doze vezes campeão da Superliga, falou sobre treino técnico no vôlei feminino, o que fazer na pré-temporada, recepção e ataque, características e treinamento de levantamento, além de side out (treinos técnicos e táticos). O voleibol que a equipe carioca executa é muito dinâmico e acabou se tornando referência para muitos outros clubes. Griner acredita que este evento possibilita o compartilhamento e a aplicação de fato desses conceitos abordados nas aulas teóricas e práticas, mesmo com o volume intenso de informações em apenas uma tarde.
– Os palestrantes têm procurado ser mais didáticos possíveis, a fim de passar realmente o que é feito em seus clubes. A absorção será específica para cada um, assim como coloca-las em prática dentro da sua realidade. A gente sabe que não dá para fazer um trabalho que é feito dentro de uma equipe de alto nível adulta em uma equipe infantil, mas é possível decodificar e utilizar o aprendizado que está sendo vivenciado aqui no Congresso de uma maneira adequada em qualquer clube. Esse evento veio para ajudar muito e vários treinadores de alto rendimento, com equipes fortes, fazendo um intercâmbio, uma troca de conhecimento, que acredito que vão trazer benefícios para esses profissionais também, como é o meu caso. Fiz questão de vir para ver ao máximo outras realidades que de repente eu não tenho tanto contato. O maior benefício é para o voleibol. É pelo voleibol que a gente está aqui – declarou Griner, completando:
– É super válida essa experiência que estamos tendo aqui. É uma iniciativa maravilhosa e espero que cresça cada vez mais para que realmente a gente possa discutir situações práticas de voleibol, que acredito ser o objetivo de todos aqui, cada um dentro da sua realidade, dentro da sua área, contribuindo da sua forma e absorvendo muito.
Participante como ouvinte do evento, Leonardo Carvalho, que já trabalhou nas categorias de base da seleção brasileira e atualmente comanda o Suntory Sunbirds, equipe de Osaka, no Japão, salientou que existem aproximações e distanciamentos entre o voleibol brasileiro e o japonês, e que tais aspectos o permitiram aprofundar seus conhecimentos durante as aulas do Congresso.
Experiências
– Basicamente os processos são iguais, o que vai mudar lá é que o nível de complexidade do jogo é muito diferente do nível de complexidade daqui, as variáveis das equipes são muito maiores. Lá, principalmente em relação à marcação dos levantadores e dos ataques, a maior parte das equipes tem uma centralização maior nesse jogador estrangeiro, que normalmente é um oposto, alguém que tem uma incidência de bolas muito grande. O que muda muito é que os japoneses são muito estudiosos, sérios, tem uma capacidade muito grande, mas tem pouca experiência em jogar se adaptando ao que o adversário faz. No Japão existe uma padronização de ‘o nosso time joga dessa forma’ e se preocupa muito pouco em ‘de que forma vamos adaptar o nosso sistema de jogo à equipe adversária’. Eles têm muita dificuldade em relação a isso – explicou Leonardo.
Para ele, a participação no evento possibilita uma compreensão ampla acerca dos parâmetros do voleibol mundial, importante para sua prática profissional no Japão.
– Levarei parâmetros, entendimentos de que nível está jogando o voleibol mundial, a própria seleção brasileira que é uma referência para o japonês. Sempre tentando traçar um paralelo da distância que se está desse nível e, dentro da realidade local, o que é possível fazer para tentar melhorar, aproximar, chegar mais perto – finalizou.
O congresso vai até domingo (28) e tem uma programação extensa ao longo do dia com aulas teóricas e práticas dos palestrantes, encerrando com mesa redonda no início da noite, sempre mediada pelo ex-técnico e jornalista, Cacá Bizzocchi.
Programação
Quarta-feira
14h – Marcos Pacheco (Aula teórica e prática)
19h30 – Bernardo Rezende (Palestra)
Quinta-feira (25.07)
8h – Javier Weber (Aula teórica e prática)
14 – Maurício Paes (Aula teórica e prática)
19h30 – Mesa redonda
Sexta-feira (26.07)
8h – Henrique Modenesi (Aula teórica)
14- Hélio Griner (Aula teórica e prática)
19h30 – Mesa redonda
Sábado (27.07)
8h – Fábio Correia – (Aula teórica)
14h – Rubinho (Aula teórica)
19h30 – Mesa redonda
Domingo (28.07)
8h – Luizomar de Moura (Aula teórica)
12h30 – Encerramento
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