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André Heller: “Voleibol: minha plataforma de desenvolvimento”

Confira artigo de André Heller neste Dia Nacional do Voleibol. Ele explica como a modalidade foi importante para seu desenvolvimento
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27 de junho é o Dia Nacional do Voleibol. E quem escreveu sobre o tema foi André Heller. O ex-central, campeão olímpico em 2004, preparou um artigo sobre a importância da modalidade na vida dele.

Sou André Heller. E, contrariando todas as probabilidades, tornei-me campeão olímpico em Atenas-2004 pela Seleção Brasileira de Vôlei. Fui atleta profissional por 24 anos, sendo 12 dedicados à Seleção. Entre os títulos conquistados ao longo da minha trajetória esportiva, destaque para o Campeonato Mundial em 2006, 6 Ligas Mundiais, 4 Sul Americanos, 2 Copas do Mundo e 2 Copas Américas, além de ter participado de 5 títulos da Superliga Brasileira.

Embora tenha experimentado o sabor maravilhoso das vitórias por diversas vezes nas quadras, acredito que o sentimento de conquista se relaciona direta e exclusivamente ao aprendizado na jornada através da modalidade. Sou asmático desde o nascimento (aliás, nasci prematuramente de sete meses e pesava apenas dois quilos) e, na pré-adolescência, vivia períodos de muita ausência na escola em função das crises respiratórias. Como eu mantinha minha vaga sob o regime de ¨bolsa integral¨, as faltas estavam ameaçando a continuidade dessa condição. Meus pais não tinham mais como manter o tratamento com remédios e inalações e, sob a orientação do pediatra, colocaram-me no esporte para melhorar a minha condição física.

Meu pai foi atleta e depois treinador de voleibol e, como a modalidade estava no meu DNA, comecei a observar o time da escola e considerar a possibilidade de fazer parte daquilo. Não consegui entrar para o time da escola, mas fui aprovado em uma seleção do clube da minha cidade. No início, o meu nível técnico era bem abaixo dos demais atletas e para, literalmente, não atrapalhar o treino dos outros garotos, me mandavam para a parede com a tarefa de fazer 500 toques e manchetes (gestos técnicos do voleibol). A frustração pelo fato de estar “jogando” voleibol com a parede me acompanhava, porém foi neste momento que percebi que aquela situação, que a princípio parecia negativa, era uma oportunidade de entender qual era a minha realidade no momento, e assim buscar capacitação para alcançar o meu sonho.

Fazia 500 manchetes e toques no clube, em casa, na escola, e em qualquer parede que eu encontrasse! Me desenvolvi muito técnica e fisicamente. Porém, o maior aprendizado foi o fato de ter atribuído um valor emocional àquele desafio, percebendo que através daquele “esforço inteligente”, me senti merecedor e fui recompensado.

A partir daquele momento, todas as vezes que um desafio se apresentava, mesmo que fora das quadras, eu sabia que deveria “voltar para a parede”, me capacitar, buscar novos conhecimentos e aprendizados. O vôlei, para mim, significa, na prática, um processo profundo de descobertas e transformação. Através da prática do voleibol, encontrei a minha jornada de aprendizagem, desenvolvimento e realização.

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