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Após 30 anos no Minas, técnico se reinventa nos EUA e treina medalhista olímpica

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Depois de mais de 30 anos como técnico das categorias de base e dos times adultos masculino e feminino do Minas Tênis Clube – era o auxiliar-técnico de Antônio Rizola na conquista da Superliga Feminina 2001/2002 com o MRV/Minas – Sérgio Veloso, 51 anos, é considerado um dos maiores formadores de talentos do Brasil. Atualmente, ele está, literalmente, explorando novos terrenos na carreira: é o treinador da ex-oposto da Seleção Brasileira, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, Raquel Pelucci.

Há cerca de um ano, Sérgio Veloso aceitou o desafio de ministrar clínicas de vôlei na cidade de Fort Collins, no Colorado, nos Estados Unidos, à convite do amigo e também brasileiro Gylton Brandão da Matta, que é dono de uma escolinha de vôlei para pré-adolescentes e jovens, inserido no programa do Aliance Yosa/Partners of America.

O que era para ser uma experiência para aprimorar o conhecimento e agregar valor ao seu trabalho no Minas, após a clínica de verão, de janeiro a maio de 2016, passou a ser uma meta: seguir como treinador nos EUA. O desafio maior, no entanto, ainda estaria por vir. Raquel também mora em Fort Collins e, em abril de 2018, aos 40 anos, decidiu retornar ao vôlei de praia, ao qual se dedicou no Brasil durante dois anos, depois da aposentadoria das quadras.

Sérgio Veloso trabalhou mais de 30 anos no Minas (Orlando Bento/Divulgação)

Raquel também foi para Fort Collins em janeiro de 2014 para estudar inglês e passar uma temporada como treinadora no Aliance Yosa. Mas, com menos de um mês, conheceu o atual marido, se casou e hoje tem um filho, Daniel, de 2 anos e meio.

– A Raquel me convidou para treiná-la e abril de 2018, pois ela queria bater bola após o período parada por conta da gravidez e os anos iniciais do seu filho. Mas, com poucos treinos, ela se sentiu muito bem e voltou a querer participar de torneios – conta Sérgio Veloso.

O retorno não era um plano de Raquel. Mas a presença de um técnico brasileiro na mesma cidade a fez mudar de ideia.

– Eu tinha saído do Brasil meio desanimada com o vôlei de praia. Estava indo bem no ranking do Brasil, era tipo a sexta colocada, quando a minha dupla me largou para fazer parceria com outra pessoa. Foi duro, porque seria muito difícil encontrar alguém bem ranqueado para manter o nível da dupla e eu também não estava a fim treinar com uma jogadora muito nova e começar lá de baixo, tudo de novo. Eu conhecia o Gyltinho e vim para os EUA para ver qual era, ter uma experiência no Yosa, estudar inglês e tal. Acabei conhecendo o meu marido, me casando, tendo o Daniel e minha vida mudou completamente. Eu quis voltar a jogar na areia, porque, no início, estava buscando voltar à minha forma física de antes da gravidez. Chamei o Serginho e iniciamos os treinamentos. Mas, aí, me senti muito bem, vi que ainda “dava um caldo” e resolvi me inscrever em um torneio legal da região. Em  poucas semanas, consegui uma parceira e a gente acabou ganhando, com menos de 10 treinos juntas. Foi muito legal. Me empolguei e agora quero dar continuidade – conta Raquel.

O primeiro titulo de Raquel na areia após poucas semanas de treino (Arquivo Pessoal)

– A Jenae jogou vôlei de quadra pela Colorado State University, depois na Europa, e estava morando em Fort Collins. Ela foi indicada pelo seu ex-técnico da CSU para formar dupla com a Raquel. Em agosto, participamos do primeiro torneio e fomos campeões, o que nos deu mais motivação para treinar e participar de outros torneios – completa Veloso.

O treinador levou para as areias alguns treinamentos fortes típicos das categorias de base na quadra e os resultados apareceram rapidamente.

– Meu bloqueio sempre foi muito ruim e melhorou demais com os treinos do Serginho – conta Raquel.

Sérgio Veloso e Raquel já se conheciam das seleções de base e da passagem dela pelo MRV/Minas, na Superliga 2003/2004.

– Trabalhamos juntos em 1996 e 1997, quando a Raquel estava na Seleção Brasileira juvenil com o técnico Wadson Lima. Eu fazia parte das comissões técnicas das seleções brasileiras de base para a preparação do Sul-Americano de 1996 e para o Mundial de 1997. Voltamos a trabalhar juntos no adulto do Minas, na temporada 2003/2004 sob o comando do técnico Chico dos Santos. E nos reencontramos em Fort Collins em julho de 2016, onde a Raquel já morava, para participarmos como técnicos no Camp do YOSA.

A estrutura encontrada em Fort Collins também facilitou o trabalho do técnico e da jogadora.

– Você tem parques com várias quadras de areia uma do lado da outra, abertas, públicas, para treinar, com estrutura legal. As pessoas se envolvem, as famílias participam, o americano é muito ligado ao esporte. A relação esporte-educação é muito forte – conta Raquel.

Após uma vida no Minas Tênis Clube, Sérgio Veloso fala dos planos para 2019 agora na praia.

– Com o período do inverno – verão no Brasil – os treino ficaram limitados. Voltaremos a treinar normalmente no início da primavera para participar de todos os torneios regionais e alguns na Califórnia e Flórida – conta o treinador.

Sérgio Veloso treina a dupla Raquel/Jenae (Arquivo Pessoal)

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