O belga Stijn D’Hulst era um dos jogadores mais emocionados após a conquista do Campeonato Mundial masculino pelo Civitanova, no domingo, em Betim (MG). E ele tinha um motivo muito especial.
O levantador perdeu o pai e principal incentivador no fim de outubro. Pol D’Hulst também foi jogador, treinador de vôlei na Bélgica e tinha 55 anos. Dois dias depois da morte, ele deixou o luto para trás, retornou da terra-natal para a Itália para entrar em quadra pelo campeonato local, contra Milão. Na ocasião, o time não contaria com o titular Bruninho, lesionado. Stijn, por conta própria, antecipou a volta para ajudar o time a vencer por 3 sets a 0.
– Para mim a conquista do Mundial foi muito especial. Minhas últimas semanas foram muito complicadas, emotivas. Meu pai sempre esteve me acompanhando a cada jogo, então ganhar esse Mundial, sem ele, é inacreditável – disse Stijn D’Hulst ao Web Vôlei, ainda com lágrimas nos olhos após a vitória por 3 a 1 sobre o Sada Cruzeiro.
A relação entre pai e filho era muito próxima também por conta do vôlei. Pol, inclusive, deixou a carreira como treinador para poder acompanhar o filho na carreira profissional. Para o levantador, a medalha de ouro era uma homenagem inevitável.
– Eu comecei a jogar vôlei por causa dele. Me lembro muito bem quando eu tinha seis anos e estava o acompanhando em todos os jogos. Obviamente eu devo minha carreira no esporte a ele – contou o levantador de 28 anos.
O levantador brasileiro Bruninho, um dos atletas mais próximos do elenco do Civitanova a Stijn D’Hulst, enalteceu a atitude do belga.
– Realmente ele ficou muito emocionado. É um cara especial. O pai jogou, foi treinador, tinha uma conexão muito grande com a carreira dele. Sempre o apoiou, então cada momento do Stijn aqui dentro de quadra é para o pai. Desde o ano passado, criamos uma relação muito bacana de amizade mesmo. Nós éramos duas pessoas que estavam chegando em Civitanova, então nos ajudamos, criamos um vínculo bacana – contou Bruninho.
Durante a final, o belga substituiu Bruninho em alguns momentos complicados do jogo. E ganhou elogios do titular:
– Quando ele entrou, o Sada estava tocando muito nas bolas quando eu jogava pelo meio. Você vai jogando muito, os caras vão estudando e vai ficando difícil. A entrada dele ajudou a rodarmos algumas bolas. Ele foi fundamental na final e em toda a nossa trajetória. Ele merece muito este título.
Stijn D’Hulst agradeceu as palavras do brasileiro, eleito o MVP do Mundial, mas tendo repassado o prêmio a Leal:
– Acho que nem preciso dizer isso a você. Mas o Bruno é um incrível cara, um grande levantador. Para mim, o mais importante é ele ser um cara muito bacana no dia a dia, é fácil lidar com ele, é uma grande pessoa, sempre disponível para ajudar você em qualquer situação.
Por Daniel Bortoletto, em Betim