Revendo a final olímpica entre Brasil x Itália no vôlei, na noite deste domingo, um infinidade de recordações voltaram à mente. Uma delas foi a guinada na ideia de escrever o livro do Serginho Escadinha. Acho que nunca contei isso publicamente.
Tínhamos um acordo verbal, nada de contrato, apenas confiança na palavra desde meados de 2014. Ele já estava fora da Seleção Brasileira à época e nossa ideia era escrever a biografia após o fim da carreira dele. E o Escada não colocava uma data para parar de jogar.
Então, na minha cabeça, não existia qualquer pressa para pesquisa, entrevistas, produção de texto. Quando ele voltou para a Seleção, atendendo um pedido do Bernardinho, nada mudou no nosso planejamento.
Até que veio a Rio-2016. A quase eliminação na 1ª fase, a famosa conversa do Escada com os jogadores: “Estou na UTI e vocês precisam me ajudar. Não quero morrer assim”, a recuperação na competição. Aquele choro dele após a semi, ainda em quadra, já me fazia pensar num capítulo.
Restava a final com a Itália. A consagração com o título em casa, na quarta final seguida, com direito ao prêmio de MVP… PQP! Não sabia mais o que pensar sobre o livro. E olhava que não estava focado na biografia. Cobria a Olimpíada pelo LANCE! e trabalho não faltava.
Passadas algumas semanas da final. voltamos a conversar. Era hora de mudar o planejamento inicial ou ele manteria a ideia de escrever a fim da carreira? Não tínhamos editora, eu não tinha uma linha escrita.
Um dia toca meu telefone. “Uma mulher me ligou aqui perguntando se eu gostaria de escrever o livro da minha carreira. Passei seu telefone”. Começava assim a conversa com a Editora Planeta, com a querida Aida Veiga.
Falamos por telefone. Ela queria saber do andamento do projeto, se já havíamos fechado com uma editora. Estávamos em novembro de 2016 e havia uma ideia rascunhada. Um almoço no Rio-Sul, sem o Escada, e a ficha caiu. O interesse da editora era um livro pra “ontem”.
A negociação foi tão rápida quanto o meu desespero. E agora? Pesquisa, entrevistas, escrever tudo E sem poder abrir mão do trabalho como editor-executivo do LANCE!. Da assinatura do contrato ao fim do prazo de entrega eu teria quatro meses.
Dedicação durante as noites após o expediente na redação, todo fim de semana de folga e depois no mês de férias no LANCE!. E no fim saiu Degrau por Degrau, com direito a foto de JR Duran na capa, lançamento com filas em SP, outro após jogo da Seleção na Arena da Baixada…
Por Daniel Bortoletto