A presença do multicampeão Bernardinho como técnico da França é uma atração à parte no Campeonato Europeu masculino. Todos querem entender o modo de pensar e agir de um dos maiores treinadores da história do vôlei, agora dirigindo os medalhistas de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Neste início de semana, a Confederação Europeia retratou, a partir de uma entrevista, a presença de Bernardinho pela primeira vez na competição. O Web Vôlei separou as principais declarações de Bernardinho:
Início na França
– A única coisa que disse à seleção francesa quando vim foi que não sou melhor do que ninguém aqui. Eles são os campeões olímpicos. Eu só estou aqui há mais tempo. O que tento trazer é alguma experiência e alguns alertas. Toda a exposição que eles estão recebendo agora, e sendo os melhores do mundo, que aconteceu com outras pessoas também, e eu vi isso. Então, eu os aconselhei a continuar sendo humildes.
Lições
– A armadilha é o ego. Ego é o inimigo. O voleibol é um esporte coletivo. Ninguém faz nada sozinho. Tenho visto muitas gerações excelentes que tiveram problemas em entregar os melhores resultados por causa de egos.
Substituir um campeão olímpico
– Liguei para (Laurent Tillie) ele e perguntei se ele queria ficar e lutar pela defesa do título (olímpico). Era o lugar dele, não o meu lugar. Mas ele disse que estava acabado o ciclo. Eu também conheço essa situação. Eu disse a ele que talvez se arrependesse. Estávamos conversando como pessoas, não como treinadores. Pessoas falando sobre a vida. Espero que no futuro ele possa permanecer o mais próximo possível pelo seu conhecimento e sensibilidade, para que possa ajudar a equipe. Eu também estou aqui para fazer isso – apenas tentando fazer o melhor que pudermos.
Ensinamentos
– Uma coisa que aprendi depois de 2016 é que quando você ama alguma, não pare de fazê-lo. Eu senti falta dessa sensação! Não é sobre os jogos, não é sobre as entrevistas, não é sobre os treinos. É sobre estudar. Eu amo isso!”
O vôlei francês
– Sou um grande fã do vôlei francês. Tenho um grande respeito pela equipe, pela forma como conquistou o ouro olímpico. Se você olhar para a jornada deles para o primeiro lugar, não foi nada fácil. Mas eles continuaram, sofreram, nunca desistiram. Normalmente, os grandes campeões vêm de lutas. E repetir o sucesso de Tóquio está na lista, é claro, mas acredito que temos uma missão maior. Para tornar o vôlei na França ainda maior, como outros esportes. Isso é muito importante e pode acontecer. O mais difícil é a consistência.
Os novos comandados
– São caras que podem inspirar os outros. Eu quero que eles entendam isso. Ser um modelo não é fácil, mas acho que é importante. Igual aos líderes. Eles são sempre aprendizes ao longo da vida. E isso acontece comigo também. Eu estou aqui para aprender. Só espero voltar um dia e estar melhor do que quando vim.
Bruninho
– Meu filho Bruno é mais como um irmão para mim, como um mentor. Agora, acho que ele está sendo meu mentor, em vez de eu ser o mentor dele. Ele é o melhor líder que já conheci. Se um dia ele quiser ser treinador, será o melhor. Ele se adaptou a tantos lugares, está conectando pessoas. Isso é o que desejo fazer agora também. Vou me adaptar ao francês e, ao fazer isso, vou tentar aprender algo e fazer algo. Não existe uma maneira certa de fazer as coisas. Existem diferentes maneiras de fazer isso. Eu respeito muito isso!
Mudar o passado?
– O que eu teria feito diferente? Talvez eu tivesse me divertido um pouco mais. Minha abordagem deveria ser diferente. Mas eu sei disso agora. Não vou mudar muito, mas sempre temos que mudar um pouco.
O melhor do esporte por Bernardinho
– Você ganha as medalhas e então nem lembra onde as colocou. Mas o vôlei sempre me provocou a melhorar. A melhor coisa de ter vôlei na minha vida são as ótimas relações e conexões com outras pessoas. Ainda outro dia, vários treinadores me enviaram mensagens de texto me desejando sorte na nova fase da minha carreira. Isso não tem preço!