Técnico do Sesc RJ Flamengo, Bernardinho usou o Instagram, neste sábado, para descrever a realização de um projeto pessoal: a participação em um Ironman, uma prova de triatlo, em Maceió (AL).
O evento, na última semana, teve 1,9km de natação, 90,1km de ciclismo e 21,1km de corrida. E o treinador de 62 anos chegou ao fim do desafio.
– No último domingo realizei um sonho que acalentava há alguns anos: participei de uma prova de “Ironman” 70.3 em Maceió. Acompanhado de minhas 2 filhas e do meu time incrível “Peanutbutter Team”, partimos para essa aventura. Sempre fui fascinado pela capacidade mental dos triatletas, sua disciplina, capacidade de resistir e lidar com o “jogo mental” que o esporte de endurance traz. São horas conversando com si próprio (self talk), focado em resistir, em buscar um ritmo ou em se recuperar, dependendo do momento que se encontre – escreveu Bernardinho.
– Minha estreia não ocorreu num dia de condições ótimas: partimos para a largada da natação com muito vento e chuva, mar bem “revolto” dificultando a navegação e o encaixe de um ritmo constante. Essa é apenas a descrição do quadro inicial, mas meu estado mental era: sem reclamações ou lamentações apenas fazer o meu melhor no cenário apresentado. Saí muito bem da água após os 1.900 metros percorridos. Pela minha absoluta inexperiência, tomei todo o cuidado na transição para a bicicleta para não esquecer nada e poder percorrer os 90 km sem outras preocupações que não fossem a de me manter num bom ritmo, alimentado, hidratado, lidando com a chuva intermitente e vento que na primeira metade ajudava um pouco. Mas no retorno se tornava uma carga a mais sobre nossas pernas. Já nos primeiros quilômetros passei por vários atletas com seus pneus furados. Pensava: “tanto treino e dedicação e esses percalços que muitas vezes afetam a mente dos atletas pela frustração de um resultado abaixo do esperado”. Seguia bem até que no início do retorno, pelo quilômetro 50, foi a minha vez de lidar com questões de pneus furados, que me fizeram perder por volta de 40 minutos, à espera de mecânicos, muito solícitos, mas que trabalharam intensamente na prova. Depois um problema no câmbio, esse rapidamente resolvido. Por vir num “bom” ritmo acreditava poder concluir a prova num certo tempo, quando incidentes como esses acontecem surge um certo desânimo.
O treinador seguir a descrição da aventura:
– O ego entra na equação e no longo período de espera na beira da estrada, reajustei o foco: minha primeira intenção sempre foi a de concluir a prova, íntegro, sem lesões. E na crise, retornei ao básico, fechar a prova, focar no pórtico de chegada. Concluí a parte da bike, mais uma transição, com calma e partir para a pior parte: os 21 km de corrida. Durante as mais de 2 horas, o tempo oscilou, mas num certo momento o sol do Nordeste surgiu forte, gerando preocupação e sofrimento. 3 voltas de 7km, e desde as primeiras passadas a energia das pessoas, participantes, familiares, espectadores foi absolutamente incrível. Emocionava e empurrava. Não chegar ao final não foi considerado mesmo nos momentos mais difíceis. A minha admiração por essa “tribo” só aumentou, quanta troca, quanta força , empatia… Foram tantas as lições, processo de autoconhecimento e a vontade de com calma e “com um pouco de experiência” retomar o processo, daquilo que mais gosto: os treinos. Seriam tantos agradecimentos que não caberiam num único post: da moça da tapioca do hotel, as pessoas dos postos de hidratação, mas um obrigado muito especial ao meu time, amigos que os treinos e o Triatlon me deu, ao meu querido coach Walter Tuche,o homem que dá broncas no Bernardinho. Meus atletas olímpicos adoraram conhecê-lo (rs).