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Bernardinho: meditação e preocupação com crise esportiva

Bernardinho diz, em entrevista à Folha de São Paulo, que está preocupado com o futuro do esporte no Brasil e conta que começou a meditar na quarentena
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O técnico do Sesc RJ, Bernardinho, bicampeão olímpico com a Seleção Brasileira Masculina (Atenas-2004 e Rio-2016), disse, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, que está preocupado com o futuro do esporte no Brasil, por conta da crise financeira que já assola o país, provocada pela pandemia do coronavírus.

O treinador contou também que está vivendo um novo momento na vida pessoal. Conhecido pelas suas broncas e atitudes às vezes intempestivas na beira da quadra, Bernardinho, que tem 60 anos e, portanto, está dentro do grupo de risco de contaminação do COVID-19, disse que está adotando novos hábitos na quarentena, inclusive o de meditar.

– Respeitando totalmente a quarentena, praticamente não saí de casa, e tenho cuidado de três níveis: físico, da forma possível; espiritual, comecei a meditar e estou tentando me manter em equilíbrio; e mental, que é produzido e pensando no futuro(…)Fiz um trabalho com um profissional chamado André Elkind. Praticamos juntos e agora tenho praticado sozinho. Pelo menos uma vez por dia, quando eu consigo, duas, e me sinto muito bem – revelou.

Bernardinho disse ter medo de que o esporte passe a não ser visto como uma atividade relevante e que volte para “o final da fila de novo”:

– Preocupa o fato de ele (esporte) ter ido um pouco para o final da fila de novo. Não ser visto como uma atividade relevante. É óbvio que neste momento a saúde e a sobrevivência das pessoas são o fundamental, mas quando você pensa no futuro, o esporte tem uma função importante sob esse ponto de vista também – disse o treinador.

– Claro que não ter certeza sobre quando volta ou não volta e de que maneira volta é uma dúvida pertinente. Até porque esporte é aglomeração de pessoas, encontro de gente. Você pode ter uma disputa controlada e sem público, mas não é a mesma coisa. Que tipo de soluções vamos ter para a prática do esporte no futuro? – se questiona.

Bernardinho tem sete medalhas olímpicas no currículo. Seis como treinador e uma como jogador – a prata, em Los Angeles-1984. Além dos dois ouros, ele foi duas vezes medalhista de prata com a Seleção Masculina (Pequim-2008 e Londres-2012) e conquistou dois bronzes com a Seleção Feminina (Atlanta-1996 e Sydney-2000). Ele ficou 16 anos à frente da Seleção masculina, de 2000 a 2016. Nesse período, foi ainda tricampeão mundial (2002, 2006 e 2010).

– A festa olímpica foi muito bonita, o evento em si, mas não tivemos o legado, o progresso na prática esportiva e a melhora das condições do ambiente esportivo. Consequência de uma série de motivos, provavelmente falta de panejamento, entes políticos que usaram da forma errada e programaram da forma errada o que deveria ser uma Olimpíada, o que ela deveria trazer não apenas para o momento em si, mas para o pós. E neste momento, especificamente, tenho receio pelo pouco apoio que já existia para uma gama grande de esportes. As leis de incentivo que dependem do resultado de empresas vão esvaziar, os orçamentos vão diminuir, e portanto vai para o fim da fila – lamentou o treinador.

 

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