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Brasil, com pouco treino, teve seus méritos na estreia

Análise de Daniel Bortoletto sobre o primeiro jogo do Brasil na VNL, na derrota para a China no tie-break, em Nagoya
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É claro que o gostinho amargo da derrota incomoda o vôleifã brasileiro nesta quarta-feira. Ainda mais com a vantagem de 12-10 no tie-break. Mas, ao colocar na balança o tempo de treinamento de Brasil e China neste início de temporada de seleções, a estreia na Liga das Nações de 2023 terminou com algumas boas impressões iniciais.

Para justiça da análise, é preciso pontuar que a seleção chinesa se prepara desde fevereiro, enquanto as demais potências mundiais, como o Brasil, tiveram menos de duas semanas para se preparar com o atual elenco (Carol, por exemplo, se encontrou com o grupo no dia da viagem para o Japão; Julia Bergmann não jogava desde dezembro-2023). Com tamanho desequilíbrio no tempo de preparação, a China tinha sim um favoritismo e até uma obrigação de vencer. E ainda assim esteve a três pontos da derrota.

Para compensar a falta de ritmo de jogo e de entrosamento, o Brasil contou com uma distribuição bem equilibrada de Macris. Ana Cristina recebeu 43 bolas, Kisy atacou 33 e Julia Bergmann, 31. Nunca veremos uma dependência como em outras seleções, como Itália, Sérvia, Turquia… E a principal surpresa foi a presença ofensiva de Diana, com 14 bolas no chão em 19 recebidas. A central, pra mim, foi o grande destaque individual do time brasileiro na estreia (veja os números da partida).

As duas jovens ponteiras, pela primeira vez juntas como titulares na Seleção adulta, também conseguiram ter regularidade na linha de passe. Sim, alguns erros aconteceram e acontecerão no futuro. Mas no cômputo geral o Brasil terminar com 61% de positividade, sem Gabi, está longe de ser ruim.

Para não dizer que tudo são flores, faltou volume de jogo ao Brasil. A China, ao perceber, abusou das largadinhas. E a cobertura da Seleção deixou a desejar. Zé Roberto tem verdadeira obsessão por times que defendem como asiáticos. E nesta quarta-feira ele não viu essa qualidade sobressair tanto. Individualmente, Natinha precisa aparecer mais. E assumir uma liderança nestes quesitos passe/defesa, principalmente quando a Seleção não tem Gabi, Pri Daroit…

Por fim, mas não menos importante, até agora não consegui ter a convicção da Nurper Ozbar para marcar dois toques da Naiane na reta final do tie-break. Já vi, revi e ainda acho que a árbitra turca exagerou. E a marcação nitidamente mexeu com o psicológico do Brasil no fim da partida. Se a Seleção ganharia ou não, ninguém saberá. Mas o peso da marcação de Nurper foi grande.

Por Daniel Bortoletto

Tags: BrasilChinaVNL

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