Recentemente, os analistas do vôlei no Brasil e mundo afora passaram a tratar o cenário do vôlei masculino como o mais equilibrado dos últimos tempos, com sete seleções podendo se revezar na conquista dos principais títulos. E eles tinham razão, basta ver o revezamento nos pódios da Olimpíada de Tóquio, da VNL deste ano e do recente Campeonato Mundial (sete seleções diferentes entre as nove medalhas disputadas). Creio que chegou o momento de fazer o mesmo com o feminino.
Admito sentir uma enorme dificuldade para apontar uma seleção favorita, aquela destacada das demais, para conquistar o Campeonato Mundial. E justamente por acreditar neste equilíbrio entre as principais forças, tão badalado no naipe masculino e ainda pouco explorado no feminino, vejo um cenário bem interessante para a competição na Holanda e na Polônia nas próximas semanas.
Talvez a seleção dos Estados Unidos seja a “culpada” por falarmos menos do equilíbrio do feminino. No fim do último ciclo olímpico, as chicleteiras ganharam quase tudo e criaram uma pequena hegemonia. Mas aquele time de Larson, Hill, Bartsch & Cia. não existe mais. E a sempre difícil passagem de bastão de uma geração para outra voltou a embaralhar as cartas do baralho do vôlei feminino de seleções.
Neste bolo de candidatas ao lugar mais alto do pódio, coloco Brasil, Itália, Estados Unidos, Sérvia, Turquia e China. A sétima da minha lista seria a Rússia, ausente das competições de 2022 por conta da guerra com a Ucrânia.
Para mim, os três lugares no pódio do Mundial ficarão entre as seis seleções citadas acima. “E o Brasil tem chances de estar no lugar mais alto do pódio?”, você vai me perguntar. E digo sim.
O processo de renovação feito por José Roberto Guimarães é louvável. Pare para pensar que após Tóquio o grupo perdeu Fernanda Garay, Natália, Camila Brait, Tandara, Bia… Muita gente duvidou do que viria pela frente. E a última Liga das Nações foi uma prova cristalina do sucesso do trabalho em desenvolvimento, com novos nomes ganhando espaço logo de cara (Kisy, as Julias, Diana e Nyeme), com uma liderança clara despontando (Gabi) e pilares mais experientes (Macris e as Carols). E no fim o resultado mostrou um caminho animador neste ciclo até Paris-2024.
Dito isso, o principal favorito é o Brasil? Não creio. Acho a Itália mais pronta neste momento, com um pouco mais de lastro e com o fator Egonu sempre disposto a desequilibrar a balança. E a Azzurra está do nosso lado na chave, assim como a China, sem Ting Zhu, mas sempre respeitável. Ou seja: apenas um deles pode chegar à final (reproduzo abaixo vídeo explicando o regulamento).
Do outro lado da chave estão Estados Unidos, Sérvia e Turquia. E, como já falei em live do Web Vôlei, não vejo as americanas saindo com mais um título deste Mundial. Em resumo, sérvias e turcas, na minha visão, brigarão pelas vagas no pódio com brasileiras e italianas. Façam suas apostas!
Por Daniel Bortoletto