Um time desacreditado, que sofreu com pedidos de dispensa inesperados, baixas importantes e incertezas. Na bagagem para as cinco semanas da fase classificatória da Liga das Nações, jogadoras sem experiência, contestadas pela torcida – casos de Bia, Amanda e Roberta – e outras que não tiveram sequer espaço como titulares nos seus respectivos clubes na última temporada – como Paula Borgo e Lorenne. Esse era o perfil da Seleção Brasileira Feminina há cerca de dois meses, quando começou a preparação para a disputa da Liga das Nações.
Neste sábado, o que parecia improvável aconteceu. O time do técnico José Roberto Guimarães conseguiu a vaga para a final da Liga das Nações com uma atuação simplesmente impecável na vitória sobre a Turquia por 3 sets a 0, na cidade de Nanquim, na China. As adversarias na decisão, neste domingo, às 8h30 (de Brasília) são as norte-americanas, atuais campeãs da competição. Antes, às 4h (de Brasília), Turquia e China disputam a medalha de bronze. O SporTV 2 transmite as duas partidas.
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O Brasil terminou a fase classificatória na terceira posição – atrás de China e Estados Unidos – e, na fase final, derrotou a Polônia por 3 a 2 e perdeu para os Estados Unidos por 3 a 1 para chegar à semifinal.
Revanche
A Turquia prometia ser um adversário indigesto. As brasileiras tinham perdido os dois últimos confrontos contra as rivais por 3 sets a 2 (no encerramento da fase classificatória) e foram eliminadas por elas justamente na semifinal da VNL do ano passado. Troco dado, na mesma moeda!
Jogadoras contestadas deram a volta por cima. Bia foi crescendo de produção ao longo do torneio. Marcou inacreditáveis 23 pontos e foi fundamental na vitória sobre a Polônia, quinta-feira. É a melhor bloqueadora do Brasil e a ganhou a confiança da levantadora Macris, recebendo bolas importantes durante a partida.
Roberta entrou constantemente na inversão do 5 x 1 e, no geral, não comprometeu. Tem um ótimo saque, defende e bloqueia bem e distribuiu com eficiência quando foi acionada. Alternou bons e maus momentos assim como todo o time.
Borgo e Lorenne
Paula Borgo fez umas três partidas muito boas, mas no geral não desempenhou o papel que se espera de uma oposta. Compreensível até certo ponto, já que sequer era titular no clube pelo qual disputou a última Superliga, o Dentil/Praia Clube – era reserva da norte-americana Fawcett. Alternou bons e maus momentos, o que deixava a torcida e principalmente Macris insegura para atuar com ela. Muitas vezes a levantadora abdicava de jogar com a saída de rede, sobrecarregando Gabi e as outras atacantes por pura falta de confiança na oposta titular.
Lorenne entrava no lugar de Paula Borgo e também oscilava entre boas viradas de bola e erros. Mas, cresceu no momento certo da competição. Foi a maior pontuadora do Brasil na derrota para os Estados Unidos, com 22 pontos, recebendo bolas importantes e nos momentos decisivos dos ralis e dos sets, como uma oposta deve ser. Entrou aind aano primeiro set contra a Turquia para não sair mais e, novamente, teve atuação segura, virando bolas difíceis.
E olha que ela provavelmente seria cortada para a fase final, quando era dada como certa a escalação de Tandara. Há poucos dias do embarque do Brasil para a China, a oposta apresentou uma lesão muscular no abdome e ficou fora do grupo. Lorenne foi mantida e a expectativa é a que ela comece jogando contra as norte-americanas na decisão deste domingo.
Gabi, impecável
Gabi e Natália se firmaram como alicerces do time. Nossa camisa 10 esteve impecável no ataque, na recepção, na defesa e durante um tempo esteve entre as primeiras colocadas nas estatísticas de bloqueio. Se o Brasil for campeão, Gabi deve levar o título de MVP. Mesmo se o ouro não for nosso, não vejo outra jogadora na final com moral para levar o prêmio individual que não seja ela.
Macris alternou bons e maus momentos. Contra a Turquia, foi a jogadora ousada, segura, veloz e precisa que vimos durante a temporada de clubes com a camisa do Itambé/Minas. Mara também oscilou durante o campeonato, mas mostrou na fase final que tem muito potencial a ser desenvolvido e pode se tornar uma das grandes centrais brasileiras. Leia foi, talvez, a jogadora mais regular, ao lado de Gabi. Natinha entrou bem, apesar de ter tido poucas chances de jogar.
Independentemente do que acontece nesta final contra os EUA, o Brasil volta para casa como vitorioso. Mas, já que chegamos até aqui, vamos brigar até o último minuto! A gente acredita!