A meio de rede Carol Gattaz chegou aos 40 anos no ápice da carreira. O aniversário foi comemorado durante a Olimpíada de Tóquio, dias antes da conquista da medalha de prata com a Seleção Brasileira, em sua tardia estreia olímpica. As atuações renderam reconhecimento de público e crítica, ajudaram a desmistificar o peso da idade no esporte de alto rendimento e fizeram a jogadora do Itambé/Minas repensar os próximos passos da trajetória profissional.
– Talvez agora as pessoas tenham deixado um pouco mais esse preconceito, com pessoas que são mais velhas. Porque você chega aos 40, 50 anos e as pessoas falam que já está no final da vida. Cara, eu não acho. Acho que minha vida está começando agora. Claro já tenho uma carreira grande, mas as pessoas vão lá e perguntam quando vou me aposentar. Eu não sei. Eu não vou colocar uma data para eu aposentar. Até quando eu conseguir jogar em alto nível e enquanto eu tiver fazendo uma coisa que eu gosto. Obviamente, não vou estar aqui também sofrendo. Mas enquanto estiver podendo acrescentar, estando bem, eu vou continuar. Acho que é mais na cabeça das pessoas do que na minha própria. Sempre foi assim. Sempre deixei as pessoas falarem. Vou continuar trabalhando. Que é o que eu sei fazer: trabalhar, trabalhar e trabalhar – disse Carol Gattaz, ao Globo Esporte.
Nesta semana, a central disputa o Campeonato Sul-Americano com a Seleção (confira as transmissões já confirmadas). É a primeira competição do ciclo olímpico Paris-2024 e vale aos dois primeiros colocados vaga no próximo Mundial. Um passo de cada vez, Carol Gattaz pretende estar no grupo de José Roberto Guimarães e ver até onde pode chegar.
– Na verdade, eu acho que tem dois pontos aí nisso tudo. Claro que eu tenho 40, eu já não tenho mais 30. Mas se pensar é mais um ciclo, mesmo sendo pequeno. Eu vou ter 43 nas Olimpíadas de 2024. Se for pensar pela minha vontade, claro que eu queria representar o país. Mas agora é ano a ano que eu vou ter que ver. Ano a ano que vai ser avaliado, não só minha performance para estar no nível da seleção brasileira, como também meu físico. Claro que eu quero me cuidar, mas não consigo te falar agora que em 2024 eu vou estar. E a segunda coisa é a renovação que a seleção brasileira também quer ter há muitos anos. Acredito que tenha várias jogadoras muito novas, inclusive na minha posição, que são muitos interessantes para estar nos próximos ciclos e que também precisam ter essa oportunidade. Talvez elas vão ainda estar novas para assumir, mas às vezes já pode estar querendo uma vaga e brigando por uma vaga. Acho que vai depender de muita coisa – comentou.
Para Gattaz, seguir representado a Seleção é motivo de orgulho, algo que José Roberto Guimarães vem tentando mostrar para as novas gerações. No último ciclo, ele chegou a reforçar a importância de outras atletas experientes, como Fabiana e Sheilla, demonstrarem para as atletas mais novas o valor de uma convocação:
– Eu fico muito feliz, porque eu já ouvi várias vezes o Zé falando e hoje eu acho que entendo. Acho que muitas atletas talvez não entendam o peso que é representar uma nação. Para representar o Brasil, tem que estar aqui dentro não só querendo, mas com brilho nos olhos. Vejo que, às vezes, perde um pouco disso. Eu gosto daqui. Acredito que talvez esse brilho nos meus olhos passou e contagiou as pessoas. Porque realmente eu amo estar aqui. As pessoas que torceram por nós e vieram falar comigo disseram que eu consegui passar isso. É uma honra muito grande eu representar essa camisa da Seleção Brasileira e sempre vai ser, independentemente da minha idade. Enquanto eu puder representar, eu vou estar com os olhos brilhando de estar aqui. Hoje eu olho isso com orgulho. Acho que o espírito é o espírito. Eu tenho um espírito muito jovem e eu não me sinto com 40. Então, idade é só um número.