Em uma notas oficial, publicada neste domingo, em seu site oficial, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) contestou pontos da carta aberta da Comissão de Atletas do vôlei de praia, divulgada no fim de semana.
A entidade nega não ter ouvido os jogadores e jogadoras antes das mudanças no Circuito Brasileiro de 2022, defende a nova fórmula de disputa e fala em aumento na premiação.
Confira na íntegra o comunicado da CBV:
“Como acontece ao fim de cada ciclo olímpico, a CBV fez estudos e análises e optou, entre outras decisões, por uma mudança no sistema de disputa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, com foco em renovação, emoção, performance e sustentabilidade. Desde o início, a Comissão de Atletas foi procurada para contribuir com sugestões.
O foco em renovação se mostra pertinente, uma vez que a média de idade dos atletas brasileiros em atividade que estiveram entre os 10 primeiros do ranking mundial no último ciclo olímpico é de 33 anos. Além disso, quase metade (48%) das atletas que disputam o Circuito Brasileiro tem 35 anos ou mais. Independentemente de resultados, é preciso olhar para o futuro. O novo modelo também comtempla maior equilíbrio nas partidas, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento de novas duplas. No modelo anterior, de competição única com 24 times no torneio principal, os confrontos eram definidos pela colocação no ranking: o mais bem ranqueado enfrentava o time de colocação mais baixa e assim por diante. Nas duas últimas temporadas, o índice de vitórias da dupla vinda do qualifying contra a mais bem ranqueada da etapa ficou abaixo de 10%. No caso da disputa feminina, o índice é de 5%.
A proposta atual aumenta a relevância de cada partida, estimulando o crescimento técnico dos jogadores, além de proporcionar melhor espetáculo para o torcedor. Perder no evento Top 8 significa estar mais perto de deixar este grupo. Ganhar no evento Aberto é a única alternativa para estar entre os oito melhores do Brasil. No antigo formato Open, os participantes do torneio principal podiam administrar resultados para se manter nesta posição. O sistema proposto traz emoção e tira os atletas da zona de conforto, sem tirar a possibilidade de atletas excepcionais subirem no ranking.
No dia 10 de dezembro de 2021, após a apresentação da proposta do novo Circuito Brasileiro, a Comissão de Atletas afirmou à CBV que havia gostado da ideia e tinha a intenção de avançar na discussão. O único ponto discordante foi em relação à proposta de premiação. Não foram feitas críticas técnicas ou propostas de novos formatos de competição.
No dia 13 de dezembro, a Comissão informou que “uma vez que o novo sistema proposto sofreu diminuição no orçamento da premiação, nosso posicionamento é de manter o sistema atual”, deixando claro que a questão era unicamente financeira.
Como um dos representantes da Comissão de Atletas de Vôlei de Praia no Conselho de Administração e na Assembleia Geral, Carlos Arruda teve acesso ao orçamento da CBV e pode solicitar esclarecimentos e tirar dúvidas. Portanto, não procede a informação citada na carta de que a Comissão não teve acesso às informações orçamentárias e aos valores envolvidos. Assim, a Comissão tem conhecimento de que o valor total da premiação do Circuito Brasileiro aumentou em 25%, na comparação com a temporada 2020/2021, mesmo diante da situação da redução do orçamento global da CBV para 2022.
Além disso, todas as informações sobre a CBV se encontram disponibilizadas para consulta pública no site da entidade (https://cbv.com.br/governanca/). Na seção transparência e governança estão todas as demonstrações, atas de assembleia e de reuniões de conselhos, e relatórios de auditoria independente. É possível consultar documentos na sede da CBV, mediante solicitação e agendamento prévios com a Unidade responsável pela gerência orçamentária.
Como é de conhecimento geral, o patrocinador oficial da CBV tem participação significativa no orçamento da entidade, sendo fundamental para o voleibol brasileiro e para a definição dos valores de premiações das competições. O presidente da Comissão de Atletas do Vôlei de Praia tem direito a voto no processo de renovação do contrato entre CBV e patrocinador, mas preferiu declarar sua abstenção nessa importante votação.
Como a questão financeira é o principal questionamento da Comissão de Atletas ao novo modelo do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, a CBV demonstra abaixo o crescimento de 25% no valor total da premiação da temporada 2020/2021 para a temporada 2022. E como o novo sistema beneficia o grupo que joga o torneio Aberto, exatamente aquele que precisa de desenvolvimento e apoio. Os números também mostram que, quando é possível, como no caso da temporada de 2021, que teve apenas cinco etapas para ajuste de calendário, a CBV consegue aumentar significativamente a premiação destinada aos atletas.
Sobre a citação à Lei Pelé feita pela Comissão de Atletas, é importante lembrar que o texto da Lei deixa claro que não cabe ingerência da Comissão de Atletas na elaboração da política orçamentária da entidade. O inciso V do artigo 18-A esclarece que a atuação da Comissão de Atletas é direcionada a assuntos esportivos e representação nos órgãos e conselhos técnicos responsáveis pela aprovação de regulamentos das competições, não interferindo na gestão da CBV. Também cabe lembrar que a CBV cumpre integralmente todas as obrigações que lhe impõe a Lei Pelé, inclusive as constantes nos artigos 18 e 18-A, tanto que possui a Certidão de Registro Cadastral da Secretaria Especial de Esporte.
A criação da Comissão Especial para Validação do Regulamento, criticada na carta pela Comissão, é um exemplo das mudanças implementadas pela nova gestão da CBV, que ampliam o teor democrático dos processos. Essa iniciativa de diálogo e aproximação ocorre desde o início da gestão. Ainda em junho de 2021, a CBV convidou a Comissão de Atletas para um Programa de Integração, com a discussão de temas como governança, boas práticas, orçamento e prestação de contas. Na carta, a Comissão demonstra desconhecimento de sua própria função e natureza. A Comissão Especial para Validação do Regulamento foi composta por três integrantes da CBV e dois que, embora não façam parte da estrutura organizacional, participam como apoio e representação de classe: os representantes da Comissão de Atletas e dos técnicos de vôlei de praia. Quanto ao Conselheiro Técnico, que também compôs a Comissão Especial, é uma competência do cargo, estabelecida no Estatuto da CBV, que ele participe de decisões técnicas da entidade.
No dia 6 de outubro de 2021, o diretor de Novos Negócios, Marcelo Hargreaves, junto a outros executivos da CBV, fez uma apresentação sobre a visão de marketing e negócios da entidade para o novo ciclo olímpico, na Urca, Rio de Janeiro. Apesar de ter sido realizada durante uma etapa do Circuito Brasileiro no mesmo local, houve pouca adesão de atletas. Ao receber a solicitação da Comissão de Atletas para uma reunião sobre o assunto, o diretor da CBV se colocou à disposição e solicitou uma pauta para nortear a conversa. Nenhuma pauta ou sugestão sobre o assunto foi enviada.
Finalizando, pois a CBV entende que todas as explicações e informações já foram elencadas, é importante lembrar que a as decisões da CBV são tomadas por uma equipe técnica de qualidade e amplo conhecimento em todas as áreas. Essa equipe inclui dois dos maiores nomes do vôlei de praia nacional, a CEO, Adriana Behar, e o gerente de Vôlei de Praia, Guilherme Marques. Marcelo Hargreaves também é ex-atleta. Além das inúmeras conquistas esportivas nacionais e internacionais, e da imensa vivência como atletas, eles se capacitaram por anos para ocupar os cargos que hoje ocupam. Todos têm como objetivo maior o desenvolvimento do voleibol brasileiro e de seus atletas”.