As quatro duplas brasileiras classificadas aos Jogos Olímpicos de Tóquio participaram de entrevista coletiva nesta terça-feira, na sede da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Ana Patrícia/Rebecca (MG/CE), Ágatha/Duda (PR/SE), Alison/Álvaro Filho (ES/PB) e Evandro/Bruno Schmidt (RJ/DF) destacaram o caminho até a vaga e celebraram o tempo de preparação que terão até o início da competição.
Os times garantiram a vaga na disputa interna contra outras duplas brasileiras somando pontos nas etapas quatro e cinco estrelas do Circuito Mundial 2019, além do Campeonato Mundial. Na última semana, o calendário de eventos do Circuito Mundial 2020 foi divulgado pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB), e com apenas mais um torneio válido, as duplas não poderiam mais ser alcançadas pelos demais concorrentes.
Os times tiveram a possibilidade de descartar as pontuações mais baixas, somando os 10 melhores resultados obtidos durante a temporada. A definição foi comemorada por uma das estreantes nos Jogos, a mineira Ana Patrícia. Aos 22 anos, a bloqueadora contará com a experiência do técnico Reis Castro e do preparador físico Oliveira Neto, que durante anos formaram a comissão técnica das medalhistas olímpicas Juliana/Larissa.
– Nada expressa melhor esse momento do que alegria. Quando olho para trás e vejo todo caminho que tivemos que percorrer, fico muito orgulhosa. Por nós e por toda nossa equipe, que acreditou desde o início. Nosso primeiro desafio, e já muito difícil, era entrar no ranking dos três melhores times brasileiros no Circuito Mundial. E depois, conseguir regularidade nos resultados. Fico feliz, especialmente por conseguir isso de forma antecipada, permitindo que possamos traçar um calendário e um projeto para chegar em Tóquio com nosso melhor voleibol – declarou Ana Patrícia, de 1,94m.
Mais experiente entre as atletas do naipe feminino, Ágatha, 36 anos, comentou a alegria em poder passar um pouco da experiência para a parceira Duda, 15 anos mais jovem. A paranaense campeã do Circuito Mundial 2018 destacou também receber aprendizados da parceira e comemorou o tempo de preparação olímpica, assim como viveu no Rio.
– Nos juntamos em janeiro de 2017 e na primeira entrevista falamos sobre os Jogos de 2020. É uma sensação de muita realização, estar aqui representando toda nossa equipe e que conseguimos o nosso primeiro grande objetivo. Posso dizer que foram três anos de muita alegria, mas de muito treinamento, pressão, esforço físico. Tudo valeu demais e estou feliz por estar jogando ao lado da Duda na primeira olimpíada dela. Vamos virar a chave depois das férias com uma preparação muito forte para Tóquio. Com nossa corrida olímpica terminando antes da maioria dos times no mundo, temos esse tempo extra para fazer uma preparação de base, isso será muito bom para os quatro times que estão aqui – disse Ágatha.
Alison também comemorou a definição antecipada da vaga, situação que viveu antes dos Jogos do Rio, onde conquistou o ouro e que permitiu um planejamento específico.
– Chegando para essa coletiva, durante esta manhã, comecei a lembrar das coisas que passamos nestes seis meses. Éramos o sexto time no ranking do Brasil, e terminamos a temporada como o terceiro time do mundo. Em 2012, na apresentação para os Jogos de Londres, era o mais novo na mesa. Hoje sou um dos mais experientes. Estou muito feliz por tudo que tenho aprendido ao lado do Álvaro, somos gratos demais por todas as pessoas que nos ajudaram a estar aqui. Já pensando nos dez meses que faltam para Tóquio – destacou o Mamute, que no último domingo foi campeão da etapa de Cuiabá do Circuito Brasileiro.
O vôlei de praia é o único esporte que rendeu medalhas ao Brasil em todas as edições olímpicas da qual participou. Na lista de atletas classificados para 2020, três já subiram ao pódio do maior evento esportivo do planeta. Alison e Bruno foram campeões nos Jogos do Rio de Janeiro – o capixaba também possui uma prata com Emanuel -, e Ágatha foi medalhista de prata também na Olimpíada no Brasil, jogando com Bárbara Seixas.
Bruno Schmidt comentou a diferença entre a classificação ao Rio-2016 e Tóquio-2020, superando inclusive uma lesão durante a corrida olímpica para o Japão.
– Evandro está sendo um menino muito corajoso, precisou mudar completamente a forma de jogar quando firmamos esse projeto para 2020. Ele está jogando pela entrada de rede, bloqueando o tempo todo, enquanto em outras duplas, revezava essa função. Ele tem o melhor saque do mundo, sacar forte e correr para o bloqueio é muito difícil. Foi uma corrida olímpica tensa, pois queríamos ajustar a equipe em pouco tempo, tendo que obter resultados. Tive também um estiramento grau dois durante a corrida olímpica, na etapa da Áustria, passou muita coisa na cabeça. Mas tudo isso abrilhanta ainda mais nossa conquista. As dificuldades que enfrentamos nos deixa mais forte para o ano que vem – disse Bruno.
As partidas do vôlei de praia em Tóquio começam no dia 25 de julho e seguem até 6 de agosto. O Brasil é o país com mais medalhas na história dos Jogos Olímpicos, desde a inclusão da modalidade no programa esportivo, em 1996, somando três de ouro, sete de prata e três de bronze (masculino e feminino).
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