Derrota na decisão da Supercopa. Eliminação na primeira fase do Campeonato Mundial na Polônia. Outra eliminação na fase de grupos da Libertadores. Como é estranho escrever um primeiro parágrafo com tais palavras para o Sada/Cruzeiro.
O campeão de tudo, como já o tratei aqui diversas vezes em outros textos, acostumou mal os fãs do vôlei ao colecionar mais de 30 títulos na gloriosa história de 12 anos. Do estado ao mundo, passando por todas as competições nacionais, o projeto mineiro virou sinônimo de sucesso, criou uma hegemonia, transformou-se em uma referência internacional. Nunca na história do vôlei brasileiro algo semelhante havia sido visto.
Na temporada 2018/2019, das quatro competições disputadas, o único título foi no Estadual, após um tie-break diante do Minas. A Supercopa ficou com o Sesi após um 3 a 0 incontestável. O Mundial escapou após uma virada surreal diante do Resovia e um revés aceitável contra o Trentino, que viria ser campeão. Nesta semana, na Argentina, duas derrotas para Bolívar (OK, faz parte) e para Ciudad Voley (uma zebraça) fizeram o Sada/Cruzeiro se despedir na primeira edição da competição continental.
Para quem flertou com a excelência nesta década a descrição acima choca. Arquiteto principal deste processo vitorioso, o técnico Marcelo Mendez já havia avisado em outubro que o melhor Sada/Cruzeiro demoraria dois ou três meses para ser visto, já que enfrentaria a maior reconstrução de todos os tempos (saídas de Leal, Simon e Uriarte). E ele tem um crédito enorme para pedir o tempo que achar necessário. Mas até agora o time oscila demais. No papel, Sander e Le Roux eram substitutos à altura. Ainda estão aquém do potencial visto pelas seleções americana e francesa, respectivamente. O peso para o levantador Fernando Cachopa é ainda maior, com pressão e críticas vindas por todos os lados, já que a comparação com os antecessores William e Uriarte é cruel. Precisa provar a cada set ser capaz de assumir a responsabilidade.
As boas notícias para os exigentes torcedores celestes:
– Restam na temporada todo o segundo turno da Superliga, o mata-mata da Copa Brasil e um Sul-Americano com os participantes ainda indefinidos. Há espaço para recuperação e conquista de títulos importantes
– Espírito vencedor não se esquece. E o Sada/Cruzeiro tem Filipe, Serginho, Isac, Marcelo Mendez, Evandro, remanescentes de grandes conquistas. Em momentos de baixa, caras com currículos tão vencedores fazem com que algo que parece adormecido volte a ser ativo.
Vocês acreditam na reviravolta celeste até abril?