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Coluna: E agora, José?

A Olimpíada de Tóquio se aproxima e o vôlei feminino brasileiro vê ícones de títulos passados vivendo bom momento. O que Zé Roberto fará?
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Fevereiro de 2020. Faltando pouco mais de cinco meses para os Jogos Olímpicos, o vôlei feminino brasileiro vê ícones de uma geração vencedora, de um passado não muito distante, em destaque nas principais competições nacionais.

E o que isso quer dizer? Com um elenco ainda com várias das 12 vagas olímpicas em aberto, José Roberto Guimarães passa a ter à disposição nomes que, em algum momento deste ciclo, não eram cotados para Tóquio por diferentes motivos.

Thaisa, por exemplo, faz uma das melhores Superligas da carreira pelo Itambé/Minas. Ela lidera as estatísticas de ataque, com aproveitamento de 58%, e o bloqueio, com 1,12 pontos marcados por set em média. É ainda a quinta maior pontuadora da competição, primeira central na lista, e a quarta melhor sacadora. Para quem quase encerrou a carreira em 2017, após uma gravíssima lesão no joelho, é quase um milagre. Aos 32 anos, a bicampeã olímpica usa uma órtese, um produto para dar estabilidade ao joelho, um símbolo do esforço para voltar ao alto nível mundial.

Na sexta-feira, outra bicampeã olímpica fez, talvez, a melhor atuação desde 2016. Sheilla, 36 anos, começou no banco de reservas a semifinal da Copa Brasil no clássico entre Minas e Dentil/Praia Clube. Viu sua equipe ser eliminada, mas saiu de quadra com 18 pontos, dando uma lembrança dos bons momentos da carreira. Sheilla voltou a jogar no fim do ano passado, alimentando o sonho olímpico, após três anos de pausa na carreira para ser mãe.

Quem está na final da Copa Brasil e jogando o fino é a levantadora Fabíola, do Sesc. Nesta segunda-feira, ela completará 37 anos. E parece ter reencontrado o melhor vôlei na passagem pelo time carioca. Não à toa, a equipe de Bernardinho lidera a Superliga.

Também é preciso citar o retorno de Jaqueline ao Osasco Audax nesta temporada. Aos 36 anos, a ponteira/passadora voltou a demonstrar a segurança de outros tempos na recepção, uma característica valiosíssima no vôlei mundial e um calcanhar de Aquiles da Seleção nos últimos tempos. Jaque ainda vem terminando jogos como maior pontuadora do time, algo não tão costumeiro assim.

Eu também poderia citar aqui Carol Gattaz, 38 anos, destaque da temporada vitoriosa do Minas em 2018/2019, e com o segundo melhor aproveitamento de ataque de toda a atual Superliga. E também a central Juciely, 39, outra referência do Sesc, a ponta campeã olímpica Fernanda Garay, 33, que se despediu da Seleção após o Mundial de 2018, e Fabiana, 35, capitã da Seleção na última Copa do Mundo, outra com dois ouros olímpicos no currículo.

Se você chegou até aqui no texto, alguns adendos. Não estou recomendando convocação e muito menos dizendo que elas merecem mais do que A, B ou C uma vaga em Tóquio. Isso é com José Roberto Guimarães, ele conhece todas elas melhor do que nós e deve saber quais carências do elenco cada uma delas poderá suprir. O retrato tirado do presente do vôlei brasileiro, porém, já deveria mostrar jogadoras de uma outra geração em destaque, na lógica do tempo para a substituição das gerações. E isso não seria demérito para nenhuma das atletas citadas acima. Mas isso é assunto para outra coluna.

COLUNA DE DANIEL BORTOLETTO, PUBLICADA INICIALMENTE NO LANCE!

Tags: Carol GattazFabianaJaquelineJosé Roberto GuimarãesSheillaThaisa

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