A Copa do Mundo, no Japão, encerra uma longa e complicada temporada para a Seleção Brasileira feminina. E a performance até aqui reforça uma percepção preocupante: a evolução em um ano pré-olímpico não aconteceu como se esperava.
E escrevi propositalmente performance no parágrafo acima, já que a intenção não é analisar apenas resultados isolados. Pegar uma derrota por 3 a 0 e criticar Deus e o mundo é muito fácil.
Hoje não vejo a Seleção Brasileira com uma identidade definida, algo fácil de se perceber em adversários em um patamar acima, como China, Estados Unidos e Sérvia. Dispensas, problemas físicos e o retorno recente de jogadoras ajudam a entender tal cenário. As dificuldades somadas dão pouca quilometragem ao time-base, se que é a formação ideal conseguiu ser escalada em algum momento em 2019 por José Roberto Guimarães, incluindo Liga das Nações, Pré-Olímpico, Pan e Sul-Americano. Natália e Tandara, por exemplo, jogaram muito pouco. Elas, então soluções, atualmente são incógnitas. E fazem falta.
Muitas vezes o jogo do Brasil parece não fluir, as oscilações são mais constantes do que o aceitável. O time entra em buracos profundos e sair deles é quase impossível. Contra determinados rivais, o custo deste pacote é alto. Nas cinco primeiras rodadas da Copa, as derrotas para Holanda e EUA foram incontestáveis: 3 a 0. Em ambas, as brasileiras quase sempre jogaram atrás do placar, tentando diminuir o prejuízo. A Seleção não se impôs.
O psicológico tem influência nas oscilações nos jogos, principalmente quando parece faltar confiança nos fundamentos. Na cabeça da comissão técnica, o retorno de Fabiana e Sheilla, bicampeãs olímpicas, com história vitoriosa e incontestável, é importante para tais situações. Com elas no elenco, Zé Roberto também quis mostrar para as mais jovens exemplos de profissionalismo e comprometimento. Ter um grupo na mão, remando para o mesmo lado e confiante nas lideranças: receitas necessárias na construção de uma equipe vencedora.
O Brasil, conhecedor do caminho até o lugar mais alto do pódio no vôlei feminino, precisará de uma metamorfose em 2020 para chegar em Tóquio no patamar dos candidatos ao ouro. Neste momento, não está no rol dos favoritos.
TEXTO DE DANIEL BORTOLETTO, PUBLICADO INICIALMENTE NO LANCE!
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