O fã do vôlei brasileiro, independentemente de torcer mais por um time ou por outro, saberá daqui a 20, 30 anos o que estava fazendo na manhã do dia 8 de dezembro de 2018.
Mais precisamente durante o segundo set da partida entre Minas e Eczacibasi (TUR), pela semifinal do Campeonato Mundial feminino de clubes. Ele nunca irá esquecer a virada do time brasileiro, após estar perdendo a parcial por 24 a 19, além de já ter um set atrás no placar.
Uma reviravolta desta é raríssima na modalidade, ainda mais levando em consideração a qualidade que o Minas enfrentava. O Eczacibasi, com a sérvia Boskovic, a americana Larson,a coreana Kim, uma verdadeira seleção mundial. Para nós, brasileiros, um placar de tristes lembranças desde 2004, quando a Seleção feminina vencia a Rússia pelo mesmo placar, precisando de apenas mais uma bola para se garantir na decisão da Olimpíada de Atenas. Uma virada dolorida, com feridas cicatrizadas apenas quatro anos depois, com o ouro em Pequim-2008.
A lembrança de 14 anos serve para entender o quanto uma virada deste quilate marca a alma dos envolvidos. Para o Minas, foram sete pontos seguidos para fechar o segundo em 26 a 24. Uma atuação de gala em todos os fundamentos: ataque, defesa, bloqueio, saque, levantamento. Para evitar qualquer injustiça é difícil até citar um ou outro destaque individual.
Dali em diante a equipe comandada com muita competência pelo italiano Stefano Lavarini acreditou mais do que nunca ser possível vencer o Eczacibasi. A ponto de ter aplicado um sacode no terceiro set: 25 a 13. Um placar anormal para uma semifinal de Mundial neste nível.
Recordo-me de uma imagem da transmissão do SporTV para resumir o que se passou em quadra, em Shaoxing, na China, durante a virada. A levantadora Macris com um sorriso no canto dos lábios. O jogo estava longe de terminar, mas o sensação deveria ser incontrolável. “Estamos jogando demais e fazendo história”, ela deveria estar pensando.
E realmente o Minas fez história com a reviravolta, o triunfo no tie-break e a classificação para a decisão. Neste domingo, a tarefa é ainda maior: desbancar o atual campeão Vakifbank, também da Turquia, com outra seleção internacional: a chinesa Ting Zhu, a holandesa Sloetjes, a sérvia Rasic e a americana Robinson.
A diferença é que o Minas já percebeu ser possível tirar forças sei lá de onde para se transformar no melhor time do mundo em 2018.