Quando saiu a escalação do Fiat/Minas para o clássico com o Sada Cruzeiro, no domingo, as ausências do Mago William e do cubano Escobar chamaram a atenção. Como o time de Nery Tambeiro iria enfrentar o poderoso arquirrival, completo, sem os dois reforços de peso contratados para a temporada 2020/2021?
E a resposta foi dada pelo próprio levantador, ao comentar uma postagem feita no Instagram do Web Vôlei, após o confronto:
“E a base vem como?”, escreveu o campeão olímpico William.
Os jovens, alguns debutantes em um jogo adulto deste porte, venderam caro a resultado. O Sada Cruzeiro venceu em cinco sets, é verdade, mas o cartão de visitas do Minas foi dado. Os moleques demonstraram personalidade, atitude e coragem em momentos decisivos.
E quando uso a palavra moleques, no bom sentido, preciso da ajuda dos números para explicá-la. O levantador Gustavo Orlando tem 18 anos, um a menos do que o oposto Paulo. O central Juninho tem 20, enquanto o ponta/oposto Lucas já fez 21. Perto deles, Honorato e Maique, com 23 anos cada, e o central Matheus Pinta, 24, os demais titulares, parecem veteranos.
Resultado de um trabalho de excelência do Minas Tênis Clube nas categorias de base. São raríssimos os casos parecidos no Brasil em uma modalidade que viu outros exemplos do passado, como o Banespa e os projetos gaúchos, fecharem as portas nos últimos anos. Para ser justo, cito o próprio Sada Cruzeiro, o Sesi e o Vôlei Renata como formadores no masculino.
Nery Tambeiro é peça importante nesta engrenagem do Minas nos últimos anos. Tem olho clínico para trabalhar com jovens, gosta de ensinar e trabalha também com as Seleções Brasileiras de base. Dá moral para a molecada e tem o respaldo da diretoria para fazer tal investimento.
Dentre os nomes citados acima, Paulo me chamou a atenção no domingo. Nascido em Contagem, região metropolitana de BH, o oposto de 1,98m é a terceira opção da posição no elenco minastenista. Quando entrou nas inversões do 5-1, deu conta do recado. A ponto de Nery deslocar Lucas, que vinha sendo o maior pontuador do time nos primeiros sets, para a linha de passe. A mudança deu certo, Paulo aproveitou a oportunidade e terminou o jogo com 15 pontos.
É impossível prever o futuro de Paulo, Gustavo Orlando, Juninho, Lucas, entre outros. Mas é bom saber que ainda existem projetos no Brasil formando atletas.
Por Daniel Bortoletto