O técnico de uma seleção top do vôlei mundial assumir um clube em fevereiro, pouco mais de dois meses antes do fim da temporada, é atípico. Apenas isso já seria necessário para a contratação de Renan Dal Zotto pelo EMS/Taubaté causar tamanha surpresa semanas atrás.
Para consumo interno, a decisão de Taubaté me pareceu acertada. Choque em um elenco estrelado, caro e que parecia meio anestesiado na Superliga, com o recado de que o ano, apesar das eliminações na Copa Brasil e Libertadores, não terminou, com o objetivo de conquistar a inédita Superliga ainda vivo. Muito diferente do cenário de anunciar Renan agora, para que ele assumisse daqui a alguns meses. Seria quase entregar os pontos hoje e planejar o 2020 antecipadamente.
E quanto tudo isso pode ser bom para a Seleção Brasileira, com um calendário extenso e com compromissos importantes em 2019? Creio que muito.
A começar por uma observação muito mais intensa de nomes representativos para os planos de Renan. O jovem ponta Douglas Souza, por exemplo, terminou o último Mundial em alta, eleito para a seleção do campeonato e com um protagonismo até então nunca visto na Seleção adulta. Parecia ter mudado de patamar na carreira. Em Taubaté, porém, não conseguiu sequer ser titular absoluto.
Com o Lucão a situação é diferente. Titular incontestável no clube e na Seleção (há tempos), o consagrado central ainda não fez a diferença possível e imaginada após trocar o Sesi por Taubaté. Tem muito ainda a mostrar.
Por fim, Lucarelli, após um ano afastado por conta de uma grave lesão no tendão de Aquiles, busca reencontrar os melhores momentos física e tecnicamente. Uma peça-chave para qualquer clube ou seleção do planeta. E Renan sabe o quanto ele fez falta na Seleção em 2018.
Os três motivos acima descritos já seriam suficientes para a presença de Renan em Taubaté refletir positivamente na Seleção Brasileira. A partir de maio, o treinador terá uma sequência de compromissos, começando pela Liga das Nações, passando pelo Pré-Olímpico, a grande prioridade de 2019, e terminando na Copa do Mundo, uma extenuante competição no Japão com 11 jogos em 15 dias. E ele sabe que precisará contar com uma base maior de atletas em condições de aguentar a maratona prevista.
Renan já vinha fazendo um tour pelo país, acompanhando nos ginásios partidas de futuros selecionáveis. Agora, terá alguns destes analisados como adversários do Taubaté, até que em maio vistam a mesma camisa amarelinha. Com todo esse contexto explicado, não vejo mal nenhum na presença dele como comandante de um clube.
Por Daniel Bortoletto
TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NO LANCE!
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