O técnico Marcelo Mendez usou as redes sociais, na sexta-feira, para tornar pública uma proposta ousada para o vôlei argentino.
Ele quer a seleção masculina juvenil, recentemente medalhista de bronze no Mundial da categoria na Tunísia, transformada em um clube para disputar a segunda divisão do país.
O objetivo do também comandante do Sada/Cruzeiro é acelerar o processo de transição das categorias de base para o profissional. Não quer ver os jovens talentos simplesmente fazendo parte da composição dos elencos dos principais times argentinos, tendo raros minutos em quadra. Quer sim dar quilometragem, juntando todos em uma mesma equipe, para enfrentar adversários bem mais experimentados.
Mendez sabe ser necessário vencer, neste caso, a resistência dos próprios clubes. Eles “cederiam” seus atletas em nome de um bem maior do vôlei nacional? Difícil acreditar em unanimidade.
Nas mensagens nas redes sociais, o treinador também deixa o e-mail pessoal, para “receber propostas de colaboração”. Um recado também para empresários, já que sustentar um projeto assim tem custo para montagem da estrutura e manutenção de uma comissão técnica.
“Se nós queremos prosperidade temos de fazer progressos. É preciso avançar. E para avançar é necessário preparação: estudar, trabalhar e perseguir o desenvolvimento. Do contrário, são apenas remendos. É preciso pensar em médio e longo prazo”, escreveu Marcelo Mendez.
A proposta do treinador é um dos pilares do projeto argentino para os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris. Quando ele assumiu a seleção adulta, neste início do ano, traçou metas a curto prazo e cumpriu. Pacificou um grupo de atletas insatisfeitos com a gestão anterior de Julio Velasco, garantiu vaga na Olimpíada de Tóquio, ganhou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos e quase encerrou a hegemonia de mais de 50 anos do Brasil no Sul-Americano. Na Copa do Mundo, neste mês de outubro, encerrará a temporada com um time mesclado, em busca de dar experiência para um grupo de atletas com potencial. Agora quer iniciar a meta de aumentar o leque de selecionáveis com foco das edições seguintes dos Jogos Olímpicos.
E alguém deve perguntar: o que tem a ver o título da coluna com os parágrafos escritos até agora? Os problemas das categorias de base no Brasil foram tema recente neste mesmo espaço. Não se forma mais como no passado recente em quantidade e qualidade. E a ideia “fora da caixa” de Mendez, um cara que trabalha no nosso país e mora aqui do lado, serve para provar a necessidade de buscar novos caminhos em busca da evolução.
TEXTO DE DANIEL BORTOLETTO, PUBLICADO INICIALMENTE NO LANCE!
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