X

Com Tifanny e Ana Paula, Câmara discute situação de atletas trans no Brasil

Tifanny é a primeira atleta trans a disputar uma competição oficial de vôlei no Brasil. Medalhista olímpica Ana Paula é contra
Autor:

Compartilhe:

Depois de baterem boca pelas redes sociais há cerca de três mesesdurante as semifinais da Superliga Feminina 2018/2019 -, a ponteira/oposta Tifanny, do Sesi/Barueri e a medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996, Ana Paula, se encontraram na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados em Brasília para debater sobre a questão das atletas trans no esporte da alto rendimento e nas competições oficiais no Brasil, na última terça-feira.

Tifanny é a primeira transexual atual na Superliga Feminina de Vôlei.

– Eu nunca vou chegar a um recorde masculino, porque não sou homem. Eu vou dormir e acordo com cãibra, porque minha testosterona é muito baixa. Recebo mensagens com ameaças porque tem gente que acha que não posso jogar com mulheres – disse Tifanny, segundo reportagem publicada na quarta-feira no site Globoesporte.com.

Ana Paula foi bronze em Atlanta-1996 (Divulgação)

Ana Paula é contra

Ex-central da Seleção Brasileira, bronze nos Jogos de 1996, Ana Paula Henkel, que atualmente mora nos Estados Unidos, é contra a participação das atletas trans em torneios femininos.

– No esporte, a identidade biológica ainda é o pilar mais forte. Entendo o lado sentimental da Tifanny, mas aquilo que é geneticamente construído ao longo de décadas pode ser revertido? Onde estão os estudos? – questionou Ana Paula, ainda segundo a reportagem do Globoesporte.com.

Tifanny foi liberada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para atuar na Superliga por estar dentro das normas estabelecidas pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), que exige que mulheres trans tenham nível de testosterona inferior a 10nml/L (nanomol por litro de sangue) por pelo menos um ano antes de atuar em qualquer competição oficial. Segundo a reportagem, o nível de testosterona de Tifanny é de 02nmol/L.

– Eu entendo que a Tifanny está dentro da diretriz do COI. Mas o corpo dela foi construído com testosterona. O coração, os pulmões, a musculatura, tudo isso foi construído antes da transição – continuou Ana Paula.

Tifanny vai disputar sua terceira Superliga (Divulgação)

– Precisamos respeitar as regras do comitê olímpico. Ao invés de fazer lei para barrar atletas transexuais, não seria melhor propor uma lei de incentivo, para ajudar mulheres trans a chegarem ao nível feminino? Enquanto compararmos o homem com a mulher, nunca vamos sair do mesmo assunto. A mulher cis precisa ser comparada com a mulher trans e não com um homem – retrucou Tifanny.

O deputado Julio César Ribeiro (PRB-DF), propôs a criação de uma liga paralela, a Liga Trans.

– Liga trans? E eu vou jogar contra quem? Eu sou a única atleta profissional. Se for assim, vou jogar vídeo game – disse Tifanny, ainda segundo a reportagem do Globoesporte.com.

Sobre a Tifanny

Tifanny foi registrada com o nome de Rodrigo e atuou em competições masculinas de vôlei até os 29 anos, quando fez a cirurgia de troca de sexo. Aos 31 anos, ela começou a jogar na Itália, já dentro das exigências do COI. Na sua primeira Superliga (temporada 2017/2018), foi a segunda maior pontuadora do torneio. Na temporada que terminou em abril (2018/2019) não apareceu sequer entre as cinco melhores no ranking.

LEIA TAMBÉM

Vaivem: Vakifbank oficializa contratação de Gabi

Coluna: Brasil supera expectativas na VNL feminina

Inscrições abertas para Congresso Internacional no Paraná

Leal participará de camp em Taubaté

Bruna Honório fala sobre a recuperação da cirurgia no coração

Uberlândia será a sede do Pré-Olímpico feminino, em agosto

Sheilla reafirma desejo de voltar à Seleção

Tags: Ana PaulaTifanny

Últimas notícias