Preparador físico e técnico de vôlei, Rodrigo Suelotto, que trabalhou durante seis anos no Pinheiros, um dos clubes mais tradicionais do país, tem pesquisado as diferenças entre as categorias de base do Brasil e dos Estados Unidos.
E, com os exemplos americanos, vê pontos que poderiam ser mais explorados por aqui.
– Os Estados Unidos possuem um processo bem interessante de formação do atleta de voleibol. Durante a idade escolar, a criança ou o adolescente joga pela escola em uma temporada que vai de agosto a novembro, e depois pelos clubes, de dezembro a julho. Após terminar a fase escolar, o jovem então joga pela sua universidade. O impressionante é que, apesar do voleibol americano, tanto masculino como feminino estar sempre presente entre os tops do mundo, não existe uma liga profissional no país. O atleta que quer jogar após a universidade, se vê obrigado a buscar uma liga em um outro país. A meu ver, a grande chave para o sucesso do esporte nos Estados Unidos está na massificação. É impressionante a quantidade de gente praticando voleibol – diz Rodrigo, que que trabalhou por dois anos no Coast Volleyball Club em San Diego, considerado um dos melhores clubes do país.
Existem cerca de 4.500 clubes de vôlei registrados nos Estados Unidos, que participam periodicamente de torneios realizados em galpões gigantes, com até 100 quadras e jogos simultâneos. São mais de 452 mil atletas em idade escolar disputando torneios oficiais atualmente e aproximadamente 1.800 equipes universitárias.
– Com esses números não é difícil surgir atletas com potencial para chegar à seleção nacional – acredita Rodrigo.
Para ele, falta muito para que a massificação do vôlei realmente aconteça no Brasil por conta do modelo, que é clubista.
– No Brasil, a estrutura das categorias de base e formação de novos atletas é totalmente diferente. Fica difícil até comparar. Para começar, a massificação do esporte a meu ver não ocorre. O esporte dentro das escolas em geral tem um nível bem fraco, sobrando para os clubes a responsabilidade de desenvolver novos talentos. Entretanto, apesar de eu não ter conseguido achar esse dado, é certo que o número de clubes é infinitamente inferior comparado com EUA. Com esse cenário de poucos clubes e fraco nível escolar, fica evidente que a massificação do esporte deixa a desejar. Apesar disso, o voleibol brasileiro ainda figura entre os melhores do mundo. Na minha visão, o grande aliado do esporte nacional é o treinador. A qualidade dos técnicos brasileiros realmente é um diferencial. Sem contar a paixão e dedicação que eles têm com o esporte e com o desenvolvimento de cada atleta.
Rodrigo desenvolveu um programa chamado Plan Pro Volleyball Training, que tem como objetivo auxiliar os treinadores a planejar, monitorar e analisar seus treinos. Basicamente, é um guia para os técnicos, que aborda os vários aspectos da formação de uma equipe: técnicos, táticos, físico e mental.