A advertência recebida após julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva do vôlei, na semana passada, não deixou satisfeita a defesa de Carol Solberg. Os advogados decidiram entrar com recurso no Órgão Pleno do STJD. Com o placar de 3 a 2, a jogadora de vôlei teve a multa transformada em advertência por ter gritado “Fora, Bolsonaro!”, em entrevista, ao fim de uma partida válida pelo Circuito Brasileiro, em Saquarema, no dia 20 de setembro.
Segundo nota, a defesa da atleta diz que “recorrerá tendo em vista que o fato é atípico e que nem o Código Brasileiro de Justiça Desportiva e nem o Regulamento das competições proíbem expressamente a conduta da atleta”. O prazo para recurso terminará nesta quarta-feira.
Confiante na absolvição de Carol Solberg, a defesa acredita que o caso pode ser transformar em um marco sobre a liberdade de expressão de atletas.
– O caso é a oportunidade de colocar o Brasil na vanguarda das discussões acerca da compatibilização entre as normas públicas e privadas de natureza esportiva e pode ser um pontapé inicial para uma extraordinária quebra de paradigmas, nos moldes do que representou o próprio Caso Bosman no âmbito da União Europeia, com uma reformulação legislativa de escala global, tornando ilegais as determinações até então em vigor. Esse pode ser o novo caso Bosman do esporte – disse o advogado Leonardo Andreotti, em reportagem do Jornal O Globo.
Bosman foi um jogador de futebol belga, que na década de 1990 brigou com a Fifa e com a Uefa pelo direito de se transferir. O caso acabou com uma mudança profunda na modalidade, acabando com o “passe”, que prendia um atleta ao clube.