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Diário de viagem 14: no caminho para o VLT, um multimedalhista

Daniel Bortoletto no espaço para curiosidades e bastidores da cobertura em Paris, com um encontro especial a caminho do VLT
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Por volta das 21h30 de Paris, neste sábado, resolvi deixar a sala de imprensa da Arena Paris Sul. Dia ainda claro no verão europeu. Era hora de almoçar (isso mesmo) depois de uma rodada de final olímpica masculina e disputa do bronze feminino com o Brasil em quadra. Uma pausa antes de retomar ao trabalho, no apartamento, acompanhado daquela pizza de quatro queijos da Dal Rosso. Saio a caminho do VLT.

Uns cinco minutos de caminhada, uma vez que a movimentação de público era bem pequena. E surgem aquelas coincidências do destino. Na minha frente, atravessando uma larga avenida, o treinador com agora cinco medalhas no voleibol olímpico e seu fiel escudeiro.

José Roberto Guimarães e Paulo Coco estão indo encontrar os familiares para o jantar antes do retorno à Vila Olímpica. Me junto a eles na caminhada. Em poucos metros, personagens suficientes para eu escrever um textão passam por nós, dignos de redefinir o tema “rolê aleatório”. Duas torcedoras brasileiras pedem uma foto com o treinador. Pedido atendido e encontro instantes depois com Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo. Cumprimentos rápidos e a caminhada prossegue.

Tempo para ouvir um grito e ver Luca Muzzioli, do excelente site Volleyball.it, com outros jornalistas italianos mandando um “salve”. Alguns metros mais adiante, em um bar, estão as holandesas Anne Buijs, treinada por Paulinho no Dentil/Praia Clube por um bom tempo, e Celeste Plak. Elas saem do local para cumprimentar a dupla. A nova jogadora do Minas revela que estava na torcida pelo Brasil e solta:

– Vocês merecem uma cerveja pelo que fizeram hoje. Aproveitem.

A presença de Zé Roberto numa esquina movimentada de Paris, repleta de cafés, bares e restaurantes, logo gera uma pequena aglomeração. Mais torcedores brasileiros pedem uma foto. Logo chega Carol, a filha do treinador e a responsável pela gestão do Barueri. Um abraço no pai, um cumprimento pela quinta medalha olímpica garantida em Paris-2024. E sobra um pequeno espaço pra resenha.

Ir embora com o bronze, por mais que o objetivo fosse dourado em Paris, tem um sentimento bom quando comparado com 2021. “Medalha depois de derrota nunca é a mesma coisa”, disse. Mas o resultado da semi com os EUA ainda está nítido na memória dele. Falo que, pra mim, derrotas com oportunidades perdidas são mais dolorosas do que uma surra por 3 a 0. Zé começa a relembrar do quinto set, com detalhes. Erro da Skinner no primeiro ataque, duas boas defesas da Roberta, um momento que o time teve para abrir frente… Desperdiçou as chances e o resto, infelizmente, é história.

Sobre o futuro, a reflexão familiar vai, sim, fazer parte do processo de decisão que inclui ainda a CBV. Ele brinca e diz que precisa resolver problemas no ombro, costas, joelho… Carol lembra que o ombro ficou ruim depois de um choque do pai com Rosamaria, pela VNL, em duelo com a Sérvia. O corpo, aos 70, paga um preço natural.

Mas, antes dele tomar decisão tão importante para o ciclo Los Angeles-2028, me despeço. Tenho um VLT a pegar e uma pizza a buscar. E eles tinham todo o direito de aproveitar com a dica da Plak o sábado de Paris.

Por Daniel Bortoletto, em Paris

Tags: BrasilJosé Roberto Guimarães

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