X

Duda é um sopro de esperança no vôlei de praia nacional

A jovem Duda foi eleita a melhor jogadora do mundo em 2019. Mas só isso não é garantia de sucesso do Brasil no vôlei de praia
Autor:

Compartilhe:

A eleição de Duda, de 21 anos, como a melhor jogadora do vôlei de praia mundial em 2019, numa eleição entre treinadores e atletas, é um alento para a modalidade no Brasil. O anúncio foi feito pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) neste sábado.

A curto prazo, a notícia deve ser comemorada como uma esperança maior de conquista de medalha olímpica em Tóquio-2020, na parceria de Duda com a experiente Ágatha, prata na Rio-2016 ao lado de Bárbara Seixas. Mas a importância maior dela é para o futuro.

Existe uma grande preocupação nos bastidores do vôlei de praia nacional sobre os próximos ciclos olímpicos. E os motivos são os mais variados.

Treinadores já detectaram a escassez no surgimento de grandes talentos na base. E aqui existe uma importante discussão geracional. Crianças e adolescentes estão cada vez mais distantes do esporte. A educação física deixou de ser obrigatória nas escolas, falta uma política pública consistente para o esporte e cada vez mais a tecnologia (tablets, celulares e computadores) preenche o tempo dos jovens anteriormente dedicado às atividades físicas.

Quem consegue superar a transição para o profissional sofre com outro problema sério: os custos para a consolidação da carreira. Hoje existem pólos de excelência do vôlei de praia nacional espalhados por algumas capitais, como João Pessoa (PB), Fortaleza (CE), Vitória (ES) e Rio de Janeiro (RJ). São centros de treinamento profissionais, com técnicos, preparadores físicos, fisioterapeutas, psicólogos… Algo que demanda um investimento grande e muitas vezes sem os “paistrocínios” conseguirem cobrir. E aqui ainda estamos longe de falar dos valores cada vez mais proibitivos para uma dupla girar o planeta para disputar o Circuito Mundial.

A falta de perspectiva na praia tem feito vários atletas migrarem para a quadra. Aceitam qualquer proposta vide a falta de esperança da concretização da carreira nas areias.

Atualmente uma corrente do vôlei de praia nacional vê como essencial uma presença de clubes para a mudança deste cenário. E aqui entenda clubes não apenas como os grandes do futebol. Mas principalmente os clubes sociais, como Pinheiros, Minas, Sogipa, Paulistano, Tijuca, Mackenzie… Alguns com toda a estrutura para o desenvolvimento da modalidade, facilidade para buscar de patrocinadores privados e também com verba anual do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC).

Por falar no CBC, ele iniciou parceria com a CBV em 2019 para organização de Campeonatos Interclubes e prevê quase a duplicação de eventos para 2020. Ainda é pouco. Mas o Brasil, com toda a sua tradição no vôlei de praia, sua enorme faixa litorânea, sua longa lista de ídolos, precisa se mexer para seguir no topo.

TEXTO DE DANIEL BORTOLETTO, PUBLICADO INICIALMENTE NO LANCE!

Tags: DudaVôlei de Praia

Últimas notícias