Sem descanso. Depois de garantir a vaga para os Jogos de Tóquio-2020 com a Seleção Brasileira após a vitória suada por 3 sets a 2 sobre a República Dominicana, sábado, na cidade mineira de Uberlândia, no encerramento do torneio Pré-Olímpico, a levantadora Macris partiu no domingo para Lima, no Peru. Com um time misto e jovem, o Brasil participa do Pan-Americano com o pensamento de ir o mais longe possível.
A equipe comandada pelo técnico José Roberto Guimarães estreia nesta quarta-eira, às 15h (de Brasília), contra Porto Rico, com transmissão do SporTV 2 e da TV Record. Os adversários, na sequência, serão Argentina e Estados Unidos, quinta e sexta-feira, no mesmo horário.
Antes do embarque, Macris conversou com o Web Vôlei sobre Seleção, entrosamento com a Tandara, levantadoras que a inspiram atualmente, a chegada das bicampeãs olímpicas Sheilla e Thaisa ao Itambé/Minas, falou sobre jogar no exterior e as expectativas para a temporada de clubes.
O Minas estreia técnico novo e chega com um time completamente remodelado, com três novas titulares e a perspectiva de que, talvez, Macris não consiga jogar com o mesmo nível de passe que jogou na temporada passada, quando chegou à final de todas as cinco competições disputadas e conquistou quatro títulos – Superliga, Copa Brasil, Campeonato Mineiro e Sul-Americano. Foi o que Negro disse ao Web Vôlei. Sempre serena, Macrís respondeu: “Os ajustes ou as medidas que serão tomadas para se adaptar às necessidades da equipe”
Você já teve algum contato com o novo técnico do Itambé/Minas, Nicola Negro?
Tínhamos falado apenas por telefone, mas nesses jogos que tivemos em Uberlândia ele pediu autorização para o Zé Roberto para vir conhecer a gente pessoalmente. Falamos brevemente, mas logo teremos um contato maior.
Qual a expectativa para a temporada? Em entrevista ao Web Vôlei, o técnico disse que provavelmente o Minas não terá a mesma eficiência no passe do que teve com Gabi e Natália na temporada passada…
As expectativas são sempre de muito trabalho e ajustes. Por mais que se tenham muitas vezes boas expectativas para uma temporada, o que mais influencia é como isso irá se resolver na prática. Os ajustes ou as medidas que serão tomadas para se adaptar às necessidades da equipe.
Qual a expectativa em trabalhar com jogadoras renomadas como Sheilla e Thaisa nesta temporada?
Trabalhar com elas com certeza será uma grande oportunidade. Lidar com quem tem uma vivência e experiência internacional, disputaram as Olimpíadas… Vai agregar bastante para mim e para a equipe, principalmente se a gente souber aproveitar tudo o que elas podem oferecer em quadra e fora dela.
Conhece alguma coisa das novas contratadas pelo Minas, Acosta e McClendon?
Não as conheço, mas já ouvi falar e isso não será um empecilho. E, independentemente de conhecer ou não, o que importa é o que ocorre na prática. Muitas vezes a gente trabalha com jogadoras que a gente conhece ou já viu jogar e na prática o entrosamento é outra história.
Você planeja para o futuro da sua carreira jogar no exterior?
Se aparecerem oportunidades de crescimento e financeiramente também for vantajoso, isso com certeza será avaliado. Se acontecer, vou ver o que é melhor para minha carreira. Não tenho planos nesse momento, mas é uma possibilidade para, quem sabe, um futuro.
Quais treinadores fizeram diferença na sua carreira e influenciaram para tornar seu jogo mais veloz?
Nos anos que fiquei no Pinheiros com o Wagão passei a ter um aprendizado maior sobre as várias nuances de uma levantadora, mais contato e aprendizado nessa linha de ensino que se tem aqui na Seleção. Mas não sei se posso dizer que teve um só treinador que me influenciou nesse quesito, porque eu trago isso desde a base. Então, creio que foi um ajuste natural, até pela minha técnica de toque e também por algumas jogadoras que tive oportunidade de jogar na base, que tinham essa característica de bolas mais velozes. Também tive sempre técnicos que estimularam jogo rápido como proposta de jogo. Desde São Caetano, passando pelo Pinheiros, Brasília, até chegar no Minas.
A Tandara disse que está tendo dificuldade em se adaptar à sua bola mais veloz. Como vai ser esse entendimento? A bola dela é mais lenta mesmo?
O entrosamento de todas as atletas vem com o tempo de treinamento, trabalho e adaptação das jogadas. O objetivo é ajustar o que for necessário para fazer o melhor possível para cada uma das jogadoras em quadra.
Você acha que o jogo rápido é a tônica do vôlei mundial de agora em diante?
Sim, acredito que seja uma tendência mundial. Mesmo as equipes que tinham características de força física ou altura estão tentando adicionar essa velocidade de jogo, porque é algo que pode ser decisivo para suas equipes.
Como você vê a competição interna para ir para os Jogos Olímpicos na posição de levantadora?
Não vejo como uma competição, mas sim como um trabalho em equipe. Mais do que o foco numa determinada competição, a gente foca em ser o melhor que puder para contribuir com o grupo. Não é uma corrida contra as outras, mas sim todas trabalhando juntas pelo que é melhor para o coletivo. Esse é o foco. E lá na frente isso vai ser avaliado para ver quem vai conseguir se encaixar melhor no conjunto para um campeonato tão importante.
Como é manter a alimentação vegana durante as viagens e treinos fora do Brasil? Tem dificuldade em se alimentar sem perder qualidade?
Não, é bem tranquilo manter a alimentação vegana nas viagens. Sempre tem boas opções e os locais estão preparados para se ajustarem caso eu precise complementar com algo. Sempre tive a boa vontade de todos, nos hotéis, para fazer às vezes alguma coisa específica. Mas se não tivessem, também não seria empecilho, porque naquilo que já é oferecido de opção para todos os atletas eu já encontro o que eu preciso para a nutrição do corpo e tudo mais que necessito. Eu até sou precavida e me preparo, caso em uma emergência não encontre alguma coisa disponível, eu sempre levo comigo em todas as viagens alguma coisa, mas acabo nem usando, porque sempre temos boas opções.
O que você acha que foi determinante para a derrota do Brasil para os EUA na final da Liga das Nações?
Sinceramente, não acho que tenha um ponto determinante. A gente jogou contra uma grande equipe, que também se superou. A gente brigou até o fim, mas elas conseguiram vencer o jogo. Não vejo que nós perdemos, porque fizemos o melhor que a gente podia, diante das condições. E, independentemente da saída da Nati, que se lesionou, a gente tinha totais condições de manter o nível e conseguir a vitória. Mas o que tem que ressaltar mesmo é que a adversária conseguiu ser superior à gente naquele momento, merecendo a vitória.
Cite levantadoras que você admira e a inspiram atualmente e três que te inspiraram no passado
Levantadoras que me inspiram e admiro atualmente tem a Maja Ognjenovic, da Sérvia, e a Nootsara Tomkom, da Tailândia. Do passado, a Fofão e a Fernanda Venturini.
Por Patrícia Trindade