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Evandro sincerão: “Sou chato e vinha fazendo péssima Superliga”

Evandro, oposto do Sada Cruzeiro, fala sobre provocações no duelo com Ngapeth, assume fama em quadra e fala sobre guinada durante o Mundial
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Não espere respostas politicamente corretas ao entrevistar o oposto Evandro, do Sada Cruzeiro.

O campeão olímpico em 2016, no Rio de Janeiro, é o típico sincerão: não foge de uma dividida, seja durante um papo com a mídia ou dentro de quadra, encarando alguns dos melhores jogadores do planeta.

Durante o Campeonato Mundial, em Betim, não está sendo diferente. Após a semifinal, contra o Zenit Kazan, da Rússia, após marcar 13 pontos e ser um dos destaques do time mineiro, ele admitiu uma virada abrupta na performance. O Evandro do Mundial não é o mesmo Evandro da Superliga.

– A gente entrou no Mundial com um chip completamente diferente do que vinha utilizando na Superliga. Posso falar mais por mim, não quero falar pelos outros. Eu estava fazendo uma péssima Superliga e estou fazendo, na minha opinião, um ótimo Mundial – disse.

As estatísticas dão suporte à opinião do jogador. Foram 46 pontos marcados, quatro a menos do que Sokolov e dois abaixo de Ngapeth, de quem escreverei mais a seguir. No percentual de ataque, Evandro ocupa o segundo lugar (59,7%), atrás de Juantorena (60%). Ele ainda aparece empatado com o ponta francês, em terceiro no saque.

E Ngapeth fez um duelo à parte com o oposto na semi. Provocador, o ponteiro fez um gesto com as mãos de ter “jantado” Evandro após aplicar-lhe um bloqueio simples. Tentou, em vários momentos, tirar o adversário do jogo com uma estratégia mental, algo que o brasileiro também gosta de fazer com rivais em quadra.

– Eu já sabia que ele iria mexer comigo. Quando levei o bloqueio, virei e não vi o gesto. Mas todo mundo veio me falar para eu tentar revidar. Eu respondi: “Relaxa. Quero só jogar”. Me deu muita vontade de revidar, mas eu consegui me controlar bastante. Até gostei disso. Me controlei pois estava bem focado no jogo, sabia que era uma semifinal complicada e a gente estava bem. Não queria perder o foco. Não tinha motivo para eu começar a fazer a mesma coisa e dar trela pra ele. Se ele quisesse fazer, eu iria dar risada, iria me divertir, como fiz em alguns momentos. Mas não mexi com ele – disse Evandro.

Evandro é um dos destaques do Cruzeiro, comemora com Isac (Agênciai7 Divulgação)

Acostumado em ser protagonista deste tipo de atitude, ele revelou ter conversado com adversários, incluindo Ngapeth, sobre o assunto, na sexta-feira, no hotel onde as delegações estão hospedadas, em Belo Horizonte.

– Conversamos até ontem sobre isso. Estávamos no hotel e os meninos estavam brincando. Bruninho, Leal, Simon, Ngapeth, até o pessoal do Sesi estava lá também, o Murilo e o Eder. Eles estavam me chamando de chato. Eu piso dentro da quadra e me transformo mesmo num puta cara chato. Concordo com eles em gênero, número e grau. Estou aqui pra ganhar, não estou pra fazer amigos. Amo todos eles, vou tratar todos com respeito, mas quando estamos dentro da quadra eu vou querer ganhar. Não vou desrespeitar a pessoa, nem o atleta. Mas se eu puder mexer e entrar na cabeça deles de alguma forma, sendo chato, eu vou fazer – comentou Evandro.

Para a decisão do Mundial, contra o Civitanova, a “chatice” do oposto deverá encarnar no ponta Leal. Ex-companheiros de Sada Cruzeiro, eles já trocaram provocações no jogo da fase de classificação (3 a 0 para os italianos).

– O Evandro está ficando chato ultimamente. E chato demais. Provocar é normal e ele precisa fazer isso para poder jogar melhor. Estive com ele por cinco anos e sei bem. Mas é um cara bem legal fora da quadra – admitiu Leal (confira reportagem sobre o ponta, elogiado por Bruninho, Simon e Juantorena).

Por Daniel Bortoletto, em Betim

Tags: EvandroNgapethSada/Cruzeiro

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