Com 1,94m, a brasileira Fernanda Tomé chegou à Tailândia em novembro do ano passado determinada a mostrar não só a força, mas também a técnica do vôlei brasileiro. Quatro meses depois, ela só tem a comemorar: adaptação rápida, bom entrosamento com as companheiras e título da Superliga Tailandesa garantido.
No último dia 6, a paulista de Penápolis foi um dos destaques da conquista do Diamond Food VC sobre o Supreme Chonburi por 3 sets a 0. A equipe perdeu apenas três partidas na temporada, todas para o adversário da decisão.
– Esse título é muito importante pra mim. É especial! Ter sido campeã diante das favoritas e do único time que ganhou de nós a temporada toda, e com um 3 a 0 é indescritível – disse Tomé, que teve o privilégio de atuar ao lado da craque tailandesa Nootsara Tomkom, considerada uma das melhores levantadoras do mundo na atualidade.
– Ter a oportunidade de jogar ao lado da lenda Tomkom é sensacional! Estou vivendo um momento muito bom. O jogo asiático é bastante rápido e com muito volume de jogo – destacou a atacante de 31 anos.
Com passagens por Fluminense, São Caetano, Osasco, São Bernardo, Pinheiros e Mackenzie, Fernanda Tomé foi contratada para ser um dos pilares ofensivos do time tailandês, ao lado da oposto cubana Leanny Castañeda. Mas também teve papel importante na linha de recepção.
– O time tem um ótimo nível técnico no ataque. Então, essa responsabilidade ficou um pouco dividida entre as ponteiras e a saída de rede, mas fui bastante acionada nas bolas de segurança.
– Sempre acompanhei as estatísticas para saber meu desempenho e fiquei feliz com os dados. Eu cresci diante das dificuldades e, mesmo com os meus 1,94 de altura, melhorei muito o fundo de quadra, que eu particularmente já considerava de grande valia. Também aumentei o leque de golpes no ataque, já que o volume de defesas é altíssimo – destacou a brasileira.
A atacante chegou ao país asiático após um imprevisto na Turquia, onde ela defenderia o Bolu Bld, mas enfrentou problemas físicos e precisou retornar ao Brasil.
– Acredito que esse título seria pra muitos atletas, principalmente aqueles que vem de superação. Que enfrentam críticas, na esmagadora maioria, injustas. Esse título foi temperado com autossuperação e resiliência.
Ela também contou como fez para se acostumar rapidamente com a alimentação no novo país.
– É tudo bastante diferente de nossa cultura. Como existem muitas feiras e a comida “de rua” aqui é bastante barata, só uma minoria tem o costume de cozinhar em casa. E normalmente a comida é extremamente apimentada. Eu adoro pimenta, mas eles estão em um nível acima quando se trata disso (risos) – conta a brasileira. – Passei a cozinhar em casa, o que nos permitiu viver um pouco mais perto da nossa cultura e acelerar a adaptação. A rotina de treinos aqui também é algo bastante diferente do Brasil. Treinamos em média, somando os treinos da manhã e da tarde, de sete a oito horas por dia.
Tomé foca agora na disputa do Campeonato Asiático, entre o final de abril e o início de maio.