A Federação Internacional de Volleyball (FIVB), órgão máximo do vôlei mundial, se manifestou, nesta quarta-feira, por meio de nota nas redes sociais, sobre o gesto considerado racista protagonizado pela líbero da Sérvia Senja Djurdevic, na partida contra a Tailândia, válida pela quarta rodada da fase classificatória da Liga das Nações, que acontece na cidade italiana de Rimini.
Durante o jogo, após um rali, Sanja levou dois dedos ao lado do rosto para fazer o gesto de “olhos puxados”, uma referência às características físicas do povo oriental, que é considerado ofensivo, xenofóbico e racista.
Logo após o ocorrido, as jogadoras tailandesas se mostraram indignadas nas imagens da TV, mas a partida continuou normalmente. No final do jogo, a tailandesa Pleumjit Thinkaow, que foi objeto do gesto de Djurdevic, postou um vídeo com a líbero e disse que aceitou o pedido de desculpas da adversária.
– Djurdevic nos procurou e disse que estava muito chateada, que não teve a intenção de nos ofender. Por favor, a perdoem – escreveu Pleumjit nas suas redes sociais, com uma foto abraçando a rival. No entanto, o post teve centenas de respostas raivosas, rejeitando o pedido de desculpas.
O mesmo aconteceu no perfil de Djurdevic, que foi alvo mensagens nada agradáveis em sua última postagem. A líbero se retratou publicamente:
– Estou ciente do meu erro e imediatamente após a partida pedi desculpas a toda a seleção da Tailândia – disse Djurdjevic em dois posts no Instagram, que também tinham uma foto com jogadoras de ambos os países posando juntos após a partida.
– Eu só queria me dirigir às minhas companheiras de equipe com a mensagem:‘ agora, vamos começar a jogar na defesa como elas ’, não tive a intenção de desrespeitar ninguém – completou Sanja.
Em nota oficial, a Federação Sérvia de Voleibol também se retratou e pediu que não haja “exageros” no caso:
– Pedimos sinceras desculpas à equipe da Tailândia, ao povo da Tailândia e a todos afetados por isso. Mas, por favor, não exagerem. Sanja está ciente de seu erro e imediatamente pediu desculpas a toda a equipe da Tailândia. Ela só queria mostrar às companheiras de equipe: ‘vamos começar a jogar na defesa como elas agora’, ela não quis desrespeitar. Claro, foi lamentável. Tudo acabou em um simples mal-entendido, em um clima amistoso entre os jogadores das duas equipes – disse a nota.
Não foi a primeira vez que a Federação Sérvia teve de se desculpar por conta do gesto polêmico. Em 2017, todo o time fez o “olho puxado” em foto divulgada pela própria FIVB, após garantir vaga para os Jogos de Tóquio.
Leia abaixo, a nota da FIVB sobre o caso:
“A FIVB está analisando o ocorrido na partida entre Sérvia e Tailândia. Se ficar decidido que houve violação das regras disciplinares da entidade, a FIVB vai submeter o caso para o comitê disciplinador. A FIVB tem o compromisso em fomentar solidariedade e luta contra todas as formas de comportamento discriminatório. A FIVB vai continuar trabalhando incansavelmente com suas federações nacionais para se assegurar que esses valores sejam refletidos em toda a comunidade do voleibol”.
Torcedores se enfureceram com o ocorrido nas redes sociais:
– O jogador de vôlei tailandês é gentil o suficiente para perdoá-lo, mas seu comportamento e racismo são inaceitáveis – escreveu Kantamat Kueanpim, no Facebook.
– O asiático tem lidado com essas coisas há anos. Se você não sabe sobre este ‘gesto infeliz’ e ‘não teve intenção de desrespeitar’, eduque-se -, completou.
Alguns classificaram o comportamento de Djurdevic como “inaceitável” e pediram que a FIVB a punisse.
– Cara FIVB, este comportamento é inaceitável. O racismo não tem lugar no mundo do voleibol. Já estamos em 2021, pelo amor de Deus – disse outro torcedor.
O oposto norte-americano Path também se pronunciou:
– FIVB, não há mais espaço para racismo, bullyIng ou discurso de ódio mais no esporte. Essa jogadora deveria ser banida da Liga das Nações imediatamente. Para o time da Tailândia: nós apoiamos e estamos aqui por vocês – escreveu.
Erik Shoji (líbero do EUA), Kiera Van Ryk & Alexa Gray, além da técnica Shannon Winzer, mostraram-se inconformados com o ato ocorrido. A central Ogbogu foi outra a se manifestar:
– O ambiente do esporte deveria sempre ser um ambiente seguro para todos os envolvidos. Esse terrível e decepcionante incidente me lembra que lutar contra o racismo é um compromisso diário. Esse gesto não está ok. Nunca é ok. Espero que isso sirva de lição para todos – escreveu a meio de rede americana.