O ex-ponteiro da Seleção Brasileira tricampeão mundial (2002, 2006 e 2010) e campeão olímpico em Atenas-2004 Giba está em Curitiba esperando a chegada da filha Brianna – a esposa Maria Luiza Daudt está no oitavo mês de gestação. Considerado um dos maiores jogadores de vôlei da história, Giba já é pai de Nicoll, de 16 anos, e Patrick, de 12, frutos do primeiro casamento do jogador com a ex-ponteira da seleção romena e do MRV/Minas, Cristina Pirv. Em comum, o fato de os três serem filhos de anos olímpicos – 2004, 2008 e 2020.
Brianna só não vai nascer durante a Olimpíada de Tóquio porque os Jogos foram adiados para o ano que vem por conta da pandemia do novo coronavírus. Giba, que atualmente mora na Polônia por conta dos seus compromissos com a FIVB (Federação Internacional de Vôlei) – ele é presidente da Comissão Mundial dos Atletas da entidade – conseguiu voltar para o Brasil às pressas em março junto com um grupo de 32 brasileiros que estavam na Polônia, para que Brianna pudesse nascer com a família, no Paraná.
Em entrevista à Rádio Banda B, de Curitiba, o campeão olímpico falou da expectativa da chegada da mais nova integrante na família, dos planos para o futuro e que pretende investir no voleibol para crianças. “Quantos atletas são necessários para se criar um Giba?”
Confira, abaixo, alguns trechos da entrevista:
ROTINA NA QUARENTENA
– Continuo tralhando… Como presidente da Comissão Mundial dos Atletas da Federação Internacional de Vôlei na Suíça eu continua fazendo todas das ligações por videoconferência, sem mudança….
EUROPA JÁ VOLTOU AOS TREINOS
São tempos diferentes… O tempo do Brasil é diferente do tempo da Europa. Na Europa, a pandemia começou no inverno e no inverno ela foi bem forte, foi onde realmente começou, e agora no Brasil ela aumentou no inverno, como esperado. A Europa tomou medidas radicais. O imediatismo lá foi por conta das tantas guerras pelas quais eles já passaram. Por isso, a quarentena foi bem respeitada pela população. E por isso eles conseguiram voltar rapidinho.
ANO SEM SELEÇÃO
Todas as seleções estão assim … A gente cancelou todos os eventos internacionais. Não tem como pegar uns países para jogar a outros não… Não tem como juntar todo mundo num lugar só, é complicado. Estou vendo todo mundo treinando, Bruninho, Lucarelli, treinando ansioso para voltar às quadras.
CRISE NOS CLUBES
Não é só no voleibol, é em todas as empresas. O mundo está assim. Afetou a todos. É uma coisa para todos os atletas terem calma. Isso vai passar. Tenho certeza que as federações locais, brasileira, italiana, russa estão trabalhando para que o mercado volte o mais rápido possível
SONHA EM TRABALHAR EM ALGUM CLUBE?
Não. Meu projeto é trabalhar com crianças. Quantos atletas ficam no meio do caminho? Quantos atletas são necessários para se fazer um Giba? Minha energia está voltada para a formação dos atletas para que, caso eles não tenham sucesso no esporte, tenham sucesso na vida.
GERAÇÃO DE 2004
Aquela equipe era uma família, em que todos eram importantes, eram 12, 16 jogadores, mais a comissão técnica, mais o entorno, os que não apreciam na quadra, mas que eram fundamentais. Foi uma história que começou em 1993, na base, e depois 4 ou 5 chegaram na seleção adulta. A FIVB nos deu um prêmio há quatro cinco anos atrás como a seleção coletiva mais vitoriosa da história. Todos os momentos foram especiais. O ouro claro, foi especial, mas todos foram. Eu resumo aquela geração numa frase, que eu ouvi de uma fã… “Depois que o Ayrton Senna faleceu, vocês alegravam o nosso domingo”.
COMPARAÇÃO ENTRE A GERAÇÃO DE 2004 E A DE 2016
Não tem como como comprar. É como pedir para comparar Zé Roberto com Bernardinho. Impossível. Os dois foram excelentes em seus tempos, em suas seleções. Cada seleção teve a sua história. Eles estão fazendo uma história bonita. Foram campeões olímpicos, chegaram duas vezes na final do Mundial… o Brasil continua representando bem o país e isso é muito importante para as crianças que desejam ser jogadoras de vôlei.
RECADO PARA OS FÃS DE VOLEIBOL
Nunca desista do seu sonho. Só nós mesmos podemos acabar com eles. A pandemia está afetando o mundo todo, não só o muindo do voleibol. Continuem se dedicando. O sacrifício vale a pena.