O feriado da Independência será especial, em 2020, para um ícone do vôlei. Giovane Gávio completa 50 anos nesta segunda-feira. Nascido em Juiz de Fora (MG), começou no vôlei inspirado em Gisele, a irmã mais velha, e na Geração de Prata. Trocou definitivamente o judô, aos 13 anos, pelo vôlei. E o restante é história.
Bicampeão olímpico em Barcelona-92 e Atenas-2004, autor de último ponto na conquista do Campeonato Mundial de 2002, na Argentina, além de outras dezenas de conquistas locais e internacionais como jogador. O ex-ponteiro foi MVP de Liga Mundial, melhor bloqueador em Copa do Mundo, melhor atacante de Superliga… E gravou o nome entre os maiores do país em todos os tempos.
Como treinador, já venceu Paulista, Carioca, da Superliga. É o atual comandante da Seleção Brasileira sub-21 masculina e busca um novo projeto de clubes, após o fim do time masculino do Sesc.
Veja a entrevista de Giovane ao Web Vôlei.
Você faz 50 anos nesta segunda-feira. A ficha já caiu?
Olha, não me sinto com 50 anos. Mas também não é um problema, não. Vejo tudo o que construí na minha carreira, na minha vida pessoal, o quanto eu aproveitei até aqui cada momento e tudo que eu ainda quero construir, tudo o que eu quero viver. Sou de bem com a vida, sou um cara muito intenso, gosto de viver tudo ao máximo, todas as experiências, e a idade é muito mais um número do que um peso. Estou muito feliz, motivado, saudável, cheio de planos… Sou um eterno jovem, até pelo significado do meu nome, Giovane, que quer dizer ‘jovem’ em italiano. Então… Serei sempre um jovem.
Durante a pandemia, o SporTV tem reprisado vários jogos históricos da Seleção, vários deles com você em quadra. Acompanhou alguns deles? Se sim, qual o sentimento de rever grandes momentos da sua carreira?
Assisti a todos e, inclusive, as reprises (rs). É muito bom rever esses jogos, partidas inesquecíveis, títulos que ficaram para a história, relembrar os jogos, as histórias, as amizades… Tenho muito orgulho de ter vestido a camisa do Brasil, representar o meu país, e poder rever jogos de Barcelona-1992, de Atenas-2004, do Mundial, das Ligas Mundiais… Meus filhos mais novos nem eram nascidos e, os mais velhos, eram pequenos ainda quando isso tudo aconteceu. É legal poder ver com eles, inclusive, vira uma viagem no tempo pra mim e uma diversão em família. Recebi muitas mensagens pelas redes sociais, mensagens de amigos, falando dos jogos, lembrando daquelas vitórias, dos títulos… É sensacional. Fiquei muito feliz em ver os jogos e não me canso de rever.
Falando em pandemia, como vem sendo sua rotina?
Fiquei em casa, com a minha família, uma experiência que eu nunca tive, de ficar tanto tempo assim com eles. Foi bom, muito bom por esse lado. Saímos o mínimo possível, só para o que era necessário. Era preciso, para segurança de todos, porque estamos vivendo um momento de muita preocupação com a pandemia. É um inimigo invisível, não podemos descuidar.
Nas suas redes sociais, o golfe está presente. Com a abertura gradual das atividades, tem conseguido se dedicar à modalidade?
Tenho jogado às vezes, respeitando ainda toda essa questão de isolamento, de usar máscara, me cercando de todos os cuidados, mas o golfe tem uma característica que ajuda que é o fato de você jogar ou poder jogar sozinho, sem ninguém ao redor, e quando eu fui eu procurei um horário mais cedo, quando o campo estava praticamente vazio. É um esporte pelo qual me apaixonei, exige concentração, técnica, precisão, isso me ajuda no dia a a dia também, é um exercício muito mental e menos físico, mas é um esporte muito bom de se jogar.
Quando começou a jogar? Teve alguma influência para dar as primeiras tacadas?
Comecei a jogar com uns amigos em São Paulo e acabei me apaixonando. É um esporte onde você não sente muita dor (rs) e a vida útil é longa, então dá para jogar até mais velho. Custo-benefício é bom (rs), é um esporte ao ar livre, gostoso de jogar, exige um poder de decisão, pelas jogadas e escolhas que precisam ser feitas, exige análise de tudo o que você precisa fazer e das consequências, mas onde há tempo para pensar porque a bolinha está parada. Bem diferente do vôlei (rs).
O que mais gosta na modalidade?
Acho que é essa questão da concentração, de evoluir pela própria dedicação, de estar sendo desafiado por mim mesmo. Claro, antes da pandemia, dava para jogar contra outras pessoas, e isso vai ser retomado quando voltarmos a ter uma rotina, depois da vacina, com todos seguros. Mas a concentração, pontos como precisão, atenção, o aprimoramento da técnica, isso tudo exige dedicação e leva tempo para que você consiga alcança um domínio e elevar o seu nível.
Sobre vôlei, o projeto com Maricá, na Superliga C, ficou mesmo para 2021/2022?
Estamos conversando sobre alguns projetos envolvendo esportes. Mas ainda nada que eu possa falar, porque ainda estamos num momento bem inicial dessas ideias.
Inicialmente, sua temporada será dedicada à Seleção Brasileira de base?
É o principal desafio da próxima temporada. E estamos com uma expectativa muito grande. Tenho, claro, muitas coisas para esse ano ainda, se as coisas melhorarem, que vão para o ano que vem também, como as palestras que eu tenho ministrado para empresas, planos pessoais, o projeto da Play Vôlei, que é um sonho que está saindo do papel e a ideia é massificar o esporte pelo país, e, como técnico, poder preparar bem a Seleção Brasileira para chegar forte na disputa do Campeonato Mundial. Fomos campeões sul-americanos e a sensação de voltar a ouvir o Hino Nacional com a camisa do Brasil foi especial, indescritível… Vai ser um campeonato fortíssimo, de alto nível, mas vamos fazer o nosso melhor para chegar em condições de lutar pelo pódio, de lutar por esse titulo.