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Giuliano Milan: “O bronze virou o nosso ouro”

Giuliano é mentor de carreira de Bruninho, Lucarelli e Lucão e fala sobre a importância de o time se reorganizar para a disputa do bronze
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Os bons resultados recentes no cenário internacional colocaram o time masculino de vôlei do Brasil no patamar de favorita ao ouro nos Jogos de Tóquio. Por isso, a derrota para a semifinal para a Rússia por 3 sets a 1, com direito a uma virada incrível no terceiro set – vencia por 20 a 12 e depois por 23 a 18, mas permitiu a vitória dos russos – foi um balde de água fria no grupo e na torcida.

As críticas nas redes sociais aos jogadores e ao técnico Renan –  que poderia ter mexido na equipe diante da boa reação europeia na parcial – não demoraram a aparecer. E o Brasil vai ter pouco tempo para se recuperar emocionalmente do baque. Menos de 48 horas depois, o time entra em quadra, na madrugada deste sábado, à 1h30, para brigar pela medalha de bronze com a Argentina.

Mentor da carreira de jogadores como Bruninho, Lucarelli e Lucão, Giuliano Milan analisou o momento da Seleção e garantiu:

– Eles já estão se reorganizando mentalmente. São atletas muito fortes – disse Giuliano, dono do canal no YouTube Positive a sua Mente, no qual fala do trabalho de meditação, respiração, positivação da mente e gerenciamento de emoções que faz com atletas, empresários e executivos de diversas áreas.

Giuliano começou a trabalho com Bruninho em 2012, depois da medalha de prata em Londres-2012. A derrota foi doída. O Brasil vencia o jogo por 2 sets a 0, chegou a fazer 20 a 17 na terceira parcial, teve dois match points, mas acabou perdendo o set e o jogo no tie-break.

Em 2016, ele trabalhou também com outro campeão olímpico nos Jogos do Rio-2016. Além de Bruno, Lucarelli, Lucão e o central Éder.

Em conversa ao Web Vôlei, Giuliano explicou que, nos momentos críticos do terceiro set, o ideal teria sido a entrada de jogadores vindos do banco, para que os titulares pudessem ver o jogo de fora e voltarem mais concentrados:

– Nenhum ser humano rende 100% o tempo inteiro. É normal ter oscilações. Alguns jogadores podem, em algum momento do jogo, não conseguir render o que sabem. Não conseguir por exemplo bloquear como pode, sacar e atacar com a mesma eficiência. O papel do técnico, nesses momentos é identificar essa oscilação e tirar o atleta para que ele possa, ao sair, buscar o seu melhor equilíbrio e concentração, para voltar a jogar em alta performance. Eu também entendo que é complicado para o treinador. Ele pode pensar: “e se eu perder esse jogador no banco”. Mas, hoje, fazendo uma revisão do jogo, eu vejo que faltou esse gerenciamento do tirar e do colocar. Talvez naquele set que teve uma grande diferença (o terceiro), isso poderia ter funcionado. O técnico da Rússia fez mudanças importantes no time, mesmo vencendo. Quando o atleta vai para o banco, ele descansa e ganha foco. E, por outro lado, quem entra, chega motivado, com uma energia nova para o time e pode mudar a dinâmica, inclusive tática. Acho que um dos aprendizados que ficam do jogo foi esse gerenciamento do banco com o time principal – disse Giuliano.

– Vi o Brasil bem, mas não soubemos utilizar todos os nossos talentos. E olha que o time até teve força para voltar, reequilibrou a partida no quarto set, ou seja, eles mostraram que têm essa força, mesmo depois da derrota sofrida do jeito que foi no terceiro set. Essa atitude que eles tiveram no quarto set é a atitude que terão de ter contra a Argentina, porque o bronze agora virou o nosso ouro – completou.

Giuliano dá um exemplo prático de como os jogadores devem colocar a dor de lado nesse momento para focar apenas na partida e tentar subir ao pódio no Japão:

– Uma vez eu vi uma palestra da Michelle Obama, na qual ela fala algo que retrata bem isso. Ela tinha palestra para fazer no 11 de setembro de 2001, minutos depois de as torres gêmeas terem sido atingidas. Os assessores estavam chorando, os seguranças, os motoristas, todo mundo muito abalado e ela também estava abalada, mas tinha um compromisso a fazer, uma palestra com muita gente esperando e ela falou com eles, “Ok, podem chorar. Vocês podem, mas eu não posso. Eu vou chorar depois”. E a Michelle foi lá e deu a palestra e só depois sentiu a dor do ataque aos Estados Unidos. É esse o sentimento para o jogo de sábado: se o grupo quiser pensar no que aconteceu na semifinal contra a Rússia, lamentar a derrota, tudo bem. Mas, hoje, precisa adiar essa dor. Não dá para sentir a dor enquanto se está na competição. Eu confio na capacidade do Brasil de se reorganizar e deixar para avaliar o que aconteceu num outro momento para focar no bronze agora. Eles já estão se reorganizando – completou.

 

Tags: BrasilBruninhoOlimpíada

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