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Já na Itália, Nicola Negro diz: “Acreditávamos no título da Superliga”

Já na Itália,cumprindo a quarentena do coronavírus imposta pelo país, o técnico Nicola Negro analisa a temporada no Itambé Minas
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O técnico do Itambé/Minas, Nicola Negro, já está em sua residência, na cidade de Jesolo, na província de Veneza, na Itália, um dos países mais afetadas pela pandemia do novo coronavírus. De lá, o técnico minastenista fez um balanço geral da temporada 2019/20, lamentou a forma como a Superliga foi finalizada, mas destacou que a decisão foi a mais correta frente aos desdobramentos da doença que alastrou pelo mundo e chegou ao Brasil há exatamente um mês (em 26 de fevereiro foi registrado o primeiro caso no País).

Na entrevista abaixo, concedida à Assessoria do Minas Tênis Clube, o treinador falou sobre a evolução da equipe durante a temporada, comemorou a conquista do Sul-Americano e falou um pouco do que encontrou na cidade onde reside.

Isolado e em casa, já que precisa esperar os 14 dias de quarentena para saber se tem algum dos sintomas da doença, Nicola contou como chegou à Itália e o que tem feito nos últimos dias. Antes de deixar Belo Horizonte, no último sábado, o treinador gravou um vídeo e, nele, pediu aos torcedores brasileiros para permanecerem em casa.

TEMPORADA POSITIVA

Foi uma temporada positiva por diferentes aspectos. Como você mesmo disse, começamos com muitas pessoas desconfiando do time, após a temporada histórica que foi a 2018/19, quando venceu tudo no Brasil. Mudou o técnico, trocou várias peças importantes do elenco e trouxemos algumas jogadoras. No início, tivemos dificuldades já que duas das principais jogadoras, Macris e Léia, estiveram grande parte da pré-temporada com a seleção brasileira. Quando elas chegaram, já era tarde demais e o time foi crescendo e ganhando ritmo nos primeiros jogos oficiais, já que treinamos juntos muito pouco tempo.

Raphael Oliveira/FMV

DESGASTE

Devido à grande experiência técnica das nossas jogadoras, como Thaisa, Carol Gattaz, Sheilla e a própria Léia o entrosamento foi se resolvendo ao longo das disputas, mas, todavia, esse crescimento foi aos poucos e contínuo. Com o início da Superliga, viajamos muitos dias em sequência, por causa do Mundial e tivemos vários jogos em sequência. Pagamos por tudo isso, em janeiro. No início deste ano, tivemos algumas dificuldades físicas e outras por casos normais, até porque não é possível ter o mesmo ritmo na temporada toda. Foi o único período que tivemos mais dificuldades, já que pegamos o Osasco e o Praia um intervalo de quatro dias. Depois, chegamos para a disputa da Copa Brasil, que foi a fase mais pesada e complicada. Estávamos com a transição da Rabadhzieva, que ainda não pode jogar a competição por causa de regulamento, e a Kasiely machucou e também não pode entrar em quadra. Mas também não vejo aquele resultado como negativo.

SUL-AMERICANO

O mês de fevereiro foi o melhor momento da nossa equipe. Conquistamos o terceiro título do Campeonato Sul-americano seguido para e vamos disputar o Campeonato Mundial mais uma vez. Mais que isso, preciso destacar a forma como a equipe venceu a competição. O time mostrou muita força de resistência, muito entrosamento e determinação. Foi espetacular!

SUPERLIGA

Depois, demos sequência à Superliga e terminamos a primeira fase com 57 pontos, mesmo número que o Sesc-RJ e um ponto atrás do Praia. Numericamente, isso foi muito positivo. Devo destacar que no segundo turno da Superliga conquistamos 30 pontos em 33 possíveis. Perdemos para o Sesc-RJ, que foi um jogo fora da curva.

Comissão técnica do Minas comemora o título Sul-Americano (Raphael Oliveira/FMV)

CRESCIMENTO DO MINAS

É muito frustrante (a Superliga terminar assim), porque o time estava muito motivado e confiante. Eu, pessoalmente, acredito muito que poderíamos defender o título. A nossa comissão técnica e as meninas também acreditavam muito nisso. É claro que a situação no Brasil e no mundo obrigou ser dessa maneira. É lamentável, mas, agora, é nos prevenir e esperar a próxima temporada.

O CORONAVÍRUS NA ITÁLIA

É um momento muito difícil para todo o mundo. Aqui na Itália, está muito complicado e polêmico sobre se as medidas adotadas foram boas. Acredito que temos que confiar no trabalho dos médicos e nos agentes de segurança sanitária. Temos que respeitar os pedidos para tentar parar esse vírus. Limitar a liberdade das pessoas não é fácil, mas é a única maneira, neste momento, para tentar para este vírus.

EM QUARENTENA

A minha saída do Brasil foi relativamente tranquila. Diferente do normal, claro. Mas o meu voo foi regular. Sai de Belo Horizonte no sábado (21/3), cheguei em Veneza no domingo (22/3), à tarde, e vim direto para a minha casa, em Jesolo. Estou na minha residência, respeitando o último decreto do governo italiano, que diz que todo viajante que volta à Itália tem que ficar 14 dias em isolamento. E espero que eu não sinta nenhum dos sintomas. Neste momento, aqui, tudo está fechado, parece uma cidade fantasma. Qualquer movimento está limitado a apenas ao seu município e ninguém pode sair de sua municipalidade. O que nos resta e esperar e ficarmos atentos. Dediquei os primeiros dias a deixar a minha casa arrumada, a lavar algumas roupas e, agora, por exemplo (quando respondia às perguntas por WhatsApp), estou revendo alguns jogos e vou passar os próximos dias estudando.

RECADO PARA A TORCIDA MINEIRA

Primeiro, agradeço a todos pelo apoio durante temporada. Infelizmente, ela não terminou como a gente gostaria, mas fomos obrigados a parar. Agradeço, de coração, a todos torcedores, sócios e funcionários do Minas que sempre nos ajudou e apoiou. Agora, estamos em um período muito mais importante que qualquer jogo e peço que todos fique em suas casas para não acontecer o que acontece na Europa. Vocês podem ajudar a acabar com isso. Força para nós e espero rever todos em breve.

Tags: Itambé/MinasNicola Negro

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