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“Jamais serei comparado aos grandes levantadores”, diz Bruninho

Após ganhar o título que faltava, no Mundial de Clubes, Bruninho explica como trabalhar mais compensa limitações técnicas
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Bruninho, como não poderia deixar de ser, foi um dos jogadores mais assediados, no último domingo, após a conquista inédita do Civitanova no Campeonato Mundial de clubes, em Betim (MG).

Eram amigos brasileiros já na quadra em busca de um abraço, fãs gritando das arquibancadas na esperança de uma selfie ou um autógrafo e companheiros de time festejando a vitória sobre o Sada Cruzeiro por 3 a 1 na final. No peito, a medalha de campeão e nas mãos o prêmio de melhor levantador da competição. Já a premiação de MVP ele havia acabado de entregar para Leal, ao não aceitar ter sido eleito o craque pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB).

O momento era realmente especial. O Mundial foi o último título que faltava na galeria do jogador.

– Nem nos meus melhores sonhos eu imaginava conquistar tudo o que conquistei. Tudo isso é fruto de muito trabalho e gratidão pelas pessoas que eu tive ao meu lado: técnicos, comissão técnica, jogadores… É um feito muito importante. Não é fácil, estou muito feliz – comentou em entrevista ao Web Vôlei.

Uma carreira tão vitoriosa não impede Bruninho de fazer uma autocrítica. Ele admite não ser tecnicamente um levantador brilhante, com alguns antecessores (Maurício, Ricardinho, William), mas compensa com trabalho e suor. E essa discussão o acompanha desde sempre. Tanto que nos bastidores o levantador é conhecido por abrir mão de folgas, ter períodos mais curtos de férias e sempre treinar um pouco mais. É o cara que “não larga o osso”, ciente de que quanto mais tempo em quadra mais ele minimizará as deficiências.

– Sou feito assim. Jamais vou ser comparado aos grandes levantadores do Brasil, até porque eu não me considero um deles. Agora tenho certeza de que ninguém vai trabalhar mais do que eu para conquistar tudo o que eu conquistei. Meu lema é esse: trabalhar e fazer o meu time jogar. Quero ser o cara mais capitão possível, liderar meu time, fazer todos jogarem. Eu soube utilizar isso de uma forma boa e de certa forma limitar a questão técnica. Em alguns momentos eu não sou o melhor levantador. Acho que você tem de entender suas qualidades e ir melhorando as suas limitações. Não é fácil isso, é muito mental. Eu devo muito às pessoas que acreditam em mim também. No final das contas o que vale é isso aqui: medalha no peito, título – desabafou.

Comemoração na Copa do Mundo (FIVB Divulgação)

Sobre o balanço de 2019, ele não tem do que reclamar:

– É realmente um momento especial. Vencemos o Campeonato Italiano, a Champions League, com a Seleção conseguimos vencer a Copa do Mundo e agora finalizando com o Campeonato Mundial de clubes, que era o título que faltava para mim. Poder estar em alto nível durante esse tempo todo que eu estou é algo muito difícil. É uma questão de trabalho. Eu tenho de agradecer a Deus por não ter nenhum tipo de lesão e continuar trabalhando

Sobre ter repassado o prêmio de MVP para Leal, após um certo constrangimento dos organizadores do Mundial, Bruninho não se arrepende:

– Fiquei muito surpreso ao ouvir meu nome. Com todo respeito a todo mundo, eu não merecia. Mão é que eu não merecia, mas o Leal merecia muito mais. Não precisava nem ter falado. Quando anunciaram meu nome, eu já fui logo chamando ele. Pedi para pararem a cerimônia, falei: “Eu não vou receber esse prêmio”. Prêmio individual é bacana, mas vencer um campeonato não tem nada igual.

Por Daniel Bortoletto, em Betim

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