O processo de renovação da Seleção Brasileira feminina de vôlei em 2022 tem em Julia Bergmann um dos ícones principais. A ponteira de 21 anos voltou a ser convocada por José Roberto Guimarães após três anos estudando Física em Georgia Tech e atuando com destaque na NCAA, a liga universitária dos Estados Unidos.
A Liga das Nações (VNL) deste ano, realizada durante as férias americanas, permitirá que Julia volte a atuar em nível internacional com a Amarelinha. Ela foi convocada em 2019, antes de tomar a decisão da mudança para os Estados Unidos. Agora, uma nova oportunidade para mostrar a evolução como atleta é recebida por ela. E Julia demonstra ter muita clareza do processo de evolução vivido para seguir trilhando o sonho de disputar os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.
– Estou muito mais preparada desta vez – disse ela em entrevista ao Web Vôlei.
No ano passado, a atleta nascida em Munique (ALE), foi eleita a melhor jogadora da ACC (Conferência da Costa do Atlântico). Georgia Tech voltou a ficar entre as oito melhores equipes do país. E o resultado de tudo isso é uma jogadora bem mais madura e completa. Confira abaixo a conversa com Julia Bergamnn:
Georgia Tech vem de uma temporada histórica. Fale um pouco de como foi essa experiência.
– Desde 2003 que elas não tinha chegado ao Elite 8, que são as melhores oito dos Estados Unidos, entre 350 times da primeira divisão. Então acho que fez uma temporada excelente. Nosso time estava muito unido nesta temporada. Tínhamos a Mari Brambilla, que se formou em dezembro, a Bianca (Bertolino, ponta argentina), a Paola (Pimentel, líbero brasileira), que são as internacionais do time. Nossas centrais foram um fator muito definitivo nos jogos. Estamos voltando mais fortes nesta temporada e queremos chegar mais longe ainda.
Quando você reflete sobre seu nível de atuação, qual balanço faz da última temporada?
– Na última temporada, já sendo o terceiro na faculdade, que a gente chama de “Junior”, eu tive um papel maior, com mais responsabilidade de liderança no time. Acho que foi uma temporada de muito aprendizado de como liderar, ajudando as mais novas, como lidar dentro de quadra com isso. Foi uma das coisas que mais eu aprendi na temporada. Em nível de jogo, foi a minha melhor temporada, nos números e estatísticas. Tive um percentual de ataque muito bom, passe também. Cresci muito como jogadora e como líder dentro de quadra.
Numa entrevista em 2019, você admitia que escolher a NCAA era um risco para a sua carreira. Agora que está terminando esta etapa da vida, qual a análise você faz da decisão de conciliar estudar/jogar vôlei?
– No começo eu fiquei nervosa para ir para um outro país, de estar numa escola de vôlei diferente. Mas acho que todo mundo percebeu que tudo depende muito da jogadora, de como você quer jogar, de como você escolher ter um crescimento. Lá o nível é altíssimo. As melhores jogadoras dos Estados Unidos saem de da liga. Então quem estiver pensando “será que eu vou para os EUA por causa do nível de vôlei”, hoje em dia não tem mais esse pensamento.
Já definiu seus objetivos profissionais após a graduação nos EUA, no meio da temporada 22/23? Atuar no vôlei brasileiro está nos seus planos?
– Com certeza, quero continuar jogando vôlei depois de me formar. Isso é óbvio. Também quero voltar a jogar a Superliga, mas isso ainda não está definido. Talvez essa seja uma pergunta para o ano que vem, quando eu me formar. Mas algum dia eu quero voltar a jogar no vôlei brasileiro.
Como é estar de volta à Seleção Brasileira em 2022?
– Grande honra. Como eu falo sempre é muito bom estar representando este país, vestindo essa camisa. Acho que estou bem mais preparada este ano do que na primeira vez que representei o país. Estou muito ansiosa para os jogos na VNL.
Qual a análise que a “atual” Julia Bergmann faria da Julia de 2019, jogando a VNL pela primeira vez?
– Estou muito mais preparada. Tive muitas experiências diferentes lá nos Estados Unidos, passei por várias situações difíceis no time. Hoje sei sair dessas situações difíceis com maia facilidade. Tive que ser uma líder por conta de as meninas do meu time serem mais jovens do que eu. Estilo do meu jogo também, eu aprendi fazer várias coisas diferentes no ataque, no passe, na defesa. Estou muito mais preparada desta vez.
Por fim, como a família Bergmann está vendo você de volta à Seleção e o Lukas (18 anos) ganhando espaço no Sesi?
– Eles sempre acompanham, assistem aos jogos de lá. Meus pais amam vôlei, jogam, nunca foram profissionais, jogam na praia. Se pudesse, todo dia. Lukas chegou agora no Sesi, no começo do ano, primeira Superliga dele, ficou em terceiro lugar. Acho que está mostrando também que pode se tornar um grande jogador. Está na Seleção sub-21. Ele chegou em Saquarema uma semana depois que a gente saiu. Então a gente nunca ficou junto. Ele quer jogar vôlei e minha família tem uma paixão muito grande pelo esporte.