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Kosheleva: “O mar é o melhor doping para mim”

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Um dos principais nomes do vôlei mundial nesta década atuando no Brasil. Assim foi possível definir o significado da contratação de Tatyana Kosheleva pelo Sesc na temporada 2018/2019.

A russa, de 30 anos, foi convencida por Bernardinho a aceitar o desafio de atuar na Superliga após sofrer a lesão mais séria da carreira. O joelho deixava a própria atleta em dúvida sobre a sequência da carreira em alto nível. Até ouvir do treinador a promessa de receber no Brasil a ajuda necessária para voltar a atuar. E então as dúvidas sobre trocar o vôlei europeu pelo brasileiro terminaram.

E assim ela iniciou o desafio brasileiro, em outubro do ano passado. Cinco meses depois, Kosheleva não tem a menor dúvida de que acertou ao dizer sim à proposta de Bernardinho. Ela clinicamente está curada da cirurgia e agora busca reencontrar a melhor fase física e tecnicamente. Para isso, se abastece do carinho dos torcedores brasileiros, do acolhimento da comissão técnica do Sesc e da energia de uma das marcas registradas da Cidade Maravilhosa.

– O mar é o melhor doping para mim – confessa a russa, nesta entrevista exclusiva ao Web Vôlei.

Uma rápida passada pelas redes sociais de Kosheleva comprova a frase acima. No tempo livre, ela está em contato com as belezas naturais do Rio de Janeiro. Contemplando.

Fique com esse papo agradável e revelador com a atacante russa:

Como você analisa a campanha do Sesc RJ até agora na Superliga?

Eu não estou feliz com os resultados do nosso time atualmente. Não é o lugar que nós desejamos estar. Somente com nosso trabalho e muita vontade nós podemos mudar esse resultado. E temos tudo para fazer isso.

Como foi o convite para vir jogar no Brasil? Quais os conselhos recebidos das amigas brasileiras, como a Thaisa?

Meu empresário disse que eu tinha uma oferta do Brasil. Eu inicialmente recusei, porque eu estava preocupada com a série lesão que havia sofrido, se eu poderia voltar ao vôlei e quanto isso isso demoraria. E o Brasil é também muito longe da Rússia. Mas, quando eu ouvi as palavras do Bernardo sobre seu apoio e sua confiança em mim, todas as minhas dúvidas desapareceram. Para mim, durante esse período, foi importante saber que eles acreditavam em mim, me esperariam. Então eu acreditei em mim mesma. Obviamente eu perguntei para a Thaisa. Ela me apoiou e disse que seria bom para mim aqui.

Como é ser treinada por Bernardinho? Qual característica dele mais chama sua atenção?

Bernardo ama trabalhar duro e presta uma atenção especial em aspectos individuais das atletas, como bloqueio, recepção, ataque… Eu vejo como o time está melhorando a cada dia. Ele é um grande técnico e nosso time tem excelentes auxiliares. Eu tento ouvir e não perder um momento. É uma experiência muito valiosa para mim.

Bernardinho tem 12 títulos de Superliga com o time carioca (Osvaldo F./Contrapé)

No começo da carreira ele era chamada de Karpol brasileiro. Vê semelhanças?

Eu nunca trabalhei com o Karpol, mas eu acho que eles são comparados pois são treinadores muito emocionais. Nós somos todos diferentes e cada um mostra individualmente suas emoções. Sem emoções, Bernardo nunca seria quem ele é.

Acredita que sua adaptação no Brasil foi melhor do que previa?

Eu não tive uma adaptação especial aqui. Me sinto confortável e calma quando estou em casa. Minhas companheiras, comissão técnica, fãs, todas as pessoas que me rodeiam, fazem meu tempo aqui no Brasil muito feliz. Somente o clima muito quente e a falta de ar condicionado em ginásios são aspectos que preciso me acostumar.

Pelas redes sociais é possível acompanhar seu tempo livre com passeios pelo Rio. Praia é seu local predileto na cidade?

Amo a cidade. Aqui há um espírito, um humor especial. E a maioria adorar o mar. Sento e fico olhando para eles com a maior felicidade. O mar é o melhor doping para mim.

Alguma comida em especial no Brasil já se transformou em predileta?

Eu adoro frutas e existem muitos tipos aqui.

Como vão as aulas de português?

Se você falar devagar comigo, eu penso que já vou compreender. Continuo aprendendo a cada dia.

Ficou surpresa com o equilíbrio da Superliga?

Foi uma grande surpresa para mim. Cinco, seis times podem chegar ao primeiro lugar do campeonato. Eu não vejo times fracos aqui. Todos os times têm muita vontade de ganhar.

Quais os sonhos futuros na carreira?

Agora eu sonho com apenas uma coisa: que minhas condição atlética e minha força possam voltar e assim eu possa ajudar meu time a conquistar o ouro na Superliga.

Reencontro com Paula Pequeno e Walewska (Reprodução)

Se pudesse voltar no tempo, qual partida, pela seleção russa, gostaria de mudar o resultado?

Quando eu penso nesta questão, me recordo de uma partida da Olimpíada de Londres. Brasil e Rússia era um jogo para definir o ouro olímpico. Foi uma grande chance para o meu time, mas nós sabemos bem como aquele jogo acabou.

Se arrepende de alguma decisão na carreira?

Eu nunca me arrependo das decisões tomadas. Sempre tento tirar algo positivo das situações difíceis e aproveitar ao máximo as oportunidades. Sendo assim, eu cresço como pessoa.

Pretende voltar à seleção russa em um importante ano pré-olímpico?

Eu realmente quero jogar no mais alto nível que eu já tive, para estar com minhas companheiras da seleção. E, para isso acontecer, eu tenho de estar saudável e com minha condição física de volta.

Em algum momento chegou a pensar que cirurgia no joelho poderia encerrar sua carreira?

Logo no início da caminhada para a recuperação, depois da operação, quando eu sentia muita dor, eu não conseguia imaginar como começar a saltar novamente. Durante esse período, minha família e meu médico me ajudaram muito. Ele várias vezes me disse que era apenas um processo que precisava ser vivido. E se eu trabalhasse duro, minha força voltaria. Eu posso falar uma coisa: eu amo tanto o vôlei e não conseguia imaginar que minha carreira estava encerrada. E então Bernardo disse que me ajudaria a voltar, eu imediatamente quis aproveitar essa chance.

Em ação diante do Fluminense (Sesc RJ/Divulgação)

Quem foi seu ídolo no vôlei no início da carreira?

Eu tenho vários atletas que gosto, pela técnica, estilo de jogo, caráter em quadra. E de todos eles eu tentei absorver alguma coisa para mim. Das jogadoras que já encerraram a carreira, cito Sokolova (RUS), Osmokrovic (CRO), Del Cor? (ITA), Gozde (TUR) e Sheilla (BRA). Agora eu gosto de ver atuando Kim, Boskovic, Ting Zhu. Admiro essas jogadoras e é sempre interessante jogar contra elas.

Quem você acha que é a melhor ponteira e a melhor oposto do mundo hoje?

Zhu e Boskovic.

Para encerrar, deixe uma mensagem para seus fãs

Eu quero dizer obrigado para todos os meus fãs. Vocês são incríveis. Eu recebo um enorme número de mensagem e tento ler todas elas. As palavras de vocês me apoiam. E a fé dá ao nosso time muito confiança. Vamos seguir juntos neste caminho.

Por Daniel Bortoletto

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Tags: BernardinhoKoshelevaSesc

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