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Kwiek: duelo com o Brasil, a relação com Zé e o fato de ser zebra

Marcos Kwiek dirige a República Dominicana desde 2008 e já tem contrato renovado até os Jogos de Los Angeles-2028
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O técnico da República Dominicana, o brasileiro Marcos Kwiek disse, em entrevista ao Web Vôlei, numa das quadras de treino do complexo da Arena Paris Sul, que recebe as partidas dos Jogos Olímpicos de Paris-24, que não gostaria de ter de enfrentar o Brasil nas quartas de final do torneio, jogo que acontece nesta terça-feira (6/8), às 8h (horário de Brasília), valendo vaga na semifinal da competição.

– O Brasil está jogando muito bem, está jogando melhor do que na VNL. Fez boas atuações contra dois grandes, apesar de eu achar que o Japão jogou bem abaixo do que eu esperava. Achei o Brasil muito equilibrado, sofreu o que tinha de sofrer depois de ficar fora do pódio, mas perdeu na hora certa, isso é importante. Pra mim, foi o pior adversário que a gente poderia pegar. Também porque as jogadoras brasileiras conhecem muito bem as nossas jogadoras. Mas, mais pelo fato de eu ver que os Estados Unidos não está no seu melhor momento, a Sérvia, a gente aprendeu a jogar contra elas, ganhando alguns jogos, a própria Polônia, a gente faz bons jogos. A Itália está jogando bem, mas a gente conseguiu jogar dois sets bons contra elas – disse Marcos Kwiek.

Brasil x República Dominicana terá transmissão pelo Sportv, TV Globo, Cazé TV e pelo canal do Web Vôlei no You Tube. Kwiek contou a dificuldade da classificação no Grupo C, que tinha ainda Turquia, Itália e Holanda. A vaga nas quartas foi carimbada depois de uma verdadeira final contra as holandesas. As caribenhas só podiam perder um set. Começaram perdendo a primeira parcial e venceram o quarto set, de virada, por 28 a 26.

– Foi uma fase de classificação muito dura. No nosso grupo poderia ter acontecido qualquer coisa. Mas ganhamos um set da Turquia, um set da Itália e isso foi importante. Fizemos uma final contra a Holanda. No nosso grupo fomos de menos para mais. A Turquia foi de mais para menos, foi baixando. A Itália se manteve. Agora começa tudo de novo, do zero. A gente sabia que qualquer adversário seria complicado – disse o treinador.

– O nosso time ainda não está no nível que a gente estava no ano passado. Atletas foram para ligas menores e chegaram em piores condições. Algumas se lesionaram, tivemos problema de doping com uma jogadora muito importante, a Eve. Na VNL, a ideia era ir crescendo gradualmente, mas Brayelin se machucou, a Martinez central agora está chegando perto do que estava jogando no ano passado, a Gaila voltou. Estamos chegando com um time mais inteiro, mas poderíamos estar jogando melhor – completou Kwiek.

O brasileiro falou sobre o fato de ser considerado o time mais fraco das quartas de final.

– O bom é que todo mundo fala que nós somos o time mais fraco. A expectativa é baixa. Mas, para nós que trabalhamos, não tem como não ter responsabilidade. Nosso jogo com a Turquia, elas erraram muito mais que a gente. Ganharam o jogo porque uma jogadora fez quase 40 pontos. No jogo de quartas de final é tudo ou nada. Você vai ter de arriscar, mas com responsabilidade. Nossas jogadoras estão realistas, mas sabem da responsabilidade que elas têm – disse Marcos Kwiek.

O treinador brasileiro falou sobre sua ótima relação com o presidente da Federação Dominicana de Voleibol, Cristóbal Marte, um dos dos dirigentes mais influentes do voleibol,  atualmente presidente da Norceca, entidade das Américas do Norte e Central.

– Nosso primeiro contato foi apalavrado. E até hoje não temos contrato. É tudo apalavrado. A gente tem uma relação muito boa, honesta. A gente conversa, discute, mas o importante é que ele não interfere na quadra e eu não interfiro no trabalho dele. Existem as discussões, mas nunca passou do tom, sempre com muito respeito. Hoje é um cara que eu admiro pelo que ele é e o que ele faz. Ele é muito patriota, gosta, fica orgulhoso de ver o país dele se destacando, coloca dinheiro do bolso dele e pra nós é importante porque o dinheiro do governo não é suficiente. Um cara apaixonado pelo vôlei, pelo esporte, é emotivo, emocional… Sem ele, o voleibol dominicano não existiria. Estou há 16 anos, quatro ciclos, a gente vai até Los Angeles pelo menos, e sou muito agradecido porque eu tenho uma carreira internacional por causa dele. Estou trabalhando com quem eu confio. Mas não estou na zona de conforto – disse Kwiek.

Marcos Kwiek classificou sua relação com o técnico José Roberto Guimarães como de amizade por quem tem muita gratidão:

– Quando o Zé montou o Sportville eu soube que abriu uma vaga para ser técnico na escolinha e fui ser professor da escolinha do Zé Roberto em 1992, eu ainda jogava, mas resolvi conciliar. Ficamos juntos no Osasco, BCN, Unisul e em 2008 eu fui pra República Dominicana. Estava no Mundial de 2006 com o Brasil quando resolvi o convite. Ele foi o primeiro a saber e me deu muita força para aceitar. O Zé me abriu todas as portas. Me sinto privilegiado por ter tido toda a minha iniciação como técnico com ele e com o Paulinho. Pra mim é gratidão sempre. Mas o mais importante é a amizade e o respeito que eu tenho por ele. Ele compartilha, ele é aberto e é algo que eu admiro muito. Sempre me deu muita força. Só tenho o que agradecer – completou Kwiek.

Por Daniel Bortoletto, em Paris

Tags: BrasilMarcos KwiekParis-24República Dominicana

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