Aos 35 anos, Lucão iniciou a temporada 2021/2022 em nova casa: o Vôlei Renata. Como a principal contratação da história do sólido projeto campineiro, ele desembarcou em Campinas ciente da responsabilidade de conduzir o time na busca por um inédito título de Superliga.
Na carreira, Lucão soma seis títulos da principal competição nacional, três vices e mais três vezes foi ao pódio em terceiro. Dá para dizer que é um especialista no assunto. Ao apresentar o cartão de boas-vindas, ele foi um dos destaques na conquista do bicampeonato paulista.
E, com o início da temporada nacional, Lucão planeja consolidar o Vôlei Renata entre os principais candidatos à Superliga, para ajudar a atingir outra meta: seguir na Seleção Brasileira para o ciclo olímpico de Paris-2024.
Diferentemente de outros companheiros que já se despediram, como Wallace e Maurício Borges, Lucão quer seguir vestindo a Amarelinha.
Confira o que Lucão disse ao Web Vôlei:
Você chega o Vôlei Renata e já é campeão paulista. Quais lições tiradas na derrota em Guarulhos foram úteis para a vitória no Taquaral para a conquista do título?
Tivemos várias lições ali. Teoricamente, nosso time foi montado pra ser “mais forte”, tem esse orçamento maior, e percebemos que se não jogarmos no nosso 100% o tempo inteiro, vai chegar uma hora que vamos nos complicar e as coisas não vão mais se encaixar. Aprendemos a jogar contra a equipe deles também, da forma que precisava jogar, mesmo sendo muito diferente do que vínhamos aplicando em treinamento, para jogar diretamente contra a equipe deles. Esse foi nosso maior diferencial: se adaptar ao tipo de jogo do adversário.
Como foi a sensação de voltar a jogar com público?
O público faz muita diferença. É muito legal poder ver as coisas voltando em uma certa normalidade. Até ali no momento que o jogo vai começar e a gente se concentra e fica naquela “bolha” que nem escutamos tanto, só de ver a torcida lotando o ginásio, fazendo barulho, empurrando, foi uma sensação maravilhosa. Fazia bastante tempo que não tínhamos isso, quase dois anos sem torcida.
Você chegou como maior contratação do Vôlei Renata em todos os tempos. Conte como está sendo esse início no projeto, a adaptação e agora já com título.
Eu só tenho a agradecer ao Vôlei Renata por todo esforço que eles fizeram para conseguir me contratar. Eu entrei no mercado um pouco mais tarde, já tinham praticamente fechado o orçamento deles com os jogadores que tinham. Quando surgiu essa oportunidade, eles foram atrás de tudo, de patrocinadores novos e já dos que estão com eles para ver se tinham interesse também e todos eles me abraçaram muito bem. Só tenho a agradecer. É uma casa que mesmo nunca tendo jogado aqui, tenho grandes amigos, tenho um carinho gigantesco pelo projeto que conseguiram montar, pela estrutura que eles têm. Eles conseguem manter muito bem esse projeto há mais de 10 anos, um projeto de base, que é muito difícil aqui no Brasil. Então, eu só tenho a agradecer ao Vôlei Renata por ter me dado essa oportunidade.
O Vôlei Renata tem um dos projetos mais sólidos do país. Chegou a hora de vencer uma Superliga? Como você vê a divisão de forças para a competição que está por vir?
O Vôlei Renata vem se estruturando há muito tempo para alcançar voos maiores. Sabemos da dificuldade econômica que está o Brasil e o mundo inteiro por conta da pandemia, que muitos patrocinadores saíram da Superliga e como é difícil manter um grupo tão forte e há tanto tempo como o Vôlei Renata monta. Hoje eu vejo que estamos entre as três principais forças do Brasil. Tem o Sada Cruzeiro, uma das principais equipes do cenário, como já tem sido nos últimos anos, pelo investimento forte que fazem; o Minas voltou a investir muito bem, fez uma bela mescla de jogadores mais experientes com jogadores novos, acho essa uma maneira muito interessante de tocar um projeto e estruturar uma equipe, assim como nós que também estamos fazendo assim no Vôlei Renata. Mas tem muita equipe fora dessas com excelentes jogadores, deu pra ver no Campeonato Paulista. Perdemos para o Sesi e Guarulhos, que ganharam não porque nós jogamos mal, mas sim porque eles fizeram excelentes partidas. E não só o voleibol nacional, mas o mundial tá cada vez mais igual. Vamos precisar estar 100% o tempo inteiro pra tentar alcançar voos maiores.
Devido à pandemia, o ano pós-olímpico será ano de Mundial de seleções. Como está o seu planejamento para o ciclo Paris-2024? Chegou a conversar com o Renan sobre isso?
Acho que todos sabem minha ideia. Como eu falei logo que acabou a Olimpíada, eu não tenho perspectiva de largar a Seleção nunca, só quando a Seleção me “largar”. Vou fazer meu trabalho aqui no clube muito bem feito. É um ano de Mundial, um ano extremamente importante para nós. A gente vem de bons Mundiais, queremos repetir essa dose. Mas primeiro eu tenho que trabalhar muito bem no clube, tenho que estar bem aqui, responder muito bem, fazer uma boa temporada para ser convocado, chegar bem na Seleção e responder bem lá dentro. Então tudo dependo do ano que eu fizer aqui no Vôlei Renata, do quanto eu responder bem aqui dentro de quadra, para conseguir estar lá. Sempre que eu tiver a oportunidade de representar a Seleção Brasileira, farei.