O auxiliar técnico Maurício Thomas chegou ao EMS/Taubaté/Funvic em fevereiro deste ano, quando o treinador Renan Dal Zotto assumiu a equipe no lugar do argentino Daniel Castellani – demitido por conta do baixo rendimento da equipe na Copa Brasil, na Libertadores e na Superliga – e trouxe novos integrantes para a comissão técnica.
Já ambientado na cidade, e com o título da última Superliga Masculina no currículo, Maurício Thomas está cumprindo a missão de comandar Taubaté neste início de temporada, enquanto Renan está com a Seleção Brasileira.
No bate-papo reproduzido abaixo, o treinador conta sua trajetória no vôlei, as experiências, as memórias e os desafios de um profissional que ama o que faz e vive intensamente o esporte.
Como o voleibol entrou na sua vida?
Maurício Thomas – Assim como a maioria das pessoas, foi na época de escola. Desde pequeno eu gostava do esporte, costumava jogar no intervalo das aulas numa redinha que nós tínhamos improvisado no colégio e aquilo se tornou uma paixão.Com 12 para 13 anos de idade eu resolvi procurar um local para treinar mesmo, e daí em diante o vôlei se tornou parte da minha vida. Hoje me sinto uma pessoa privilegiada, porque o voleibol me deu tanta coisa e faço o que eu amo.
Você chegou a ser jogador profissional de voleibol?
Maurício Thomas – Nasci em Brasília, minha família é toda de lá. E em Brasília o voleibol não é tão forte. Então eu comecei jogando lá, mas logo me mudei para São Paulo onde o esporte tem maior peso, mais clubes etc. Passei na peneira do Palmeiras, e depois joguei em vários clubes do interior paulista. Na época em que eu entrei na faculdade, eu conciliava a carreira de jogador, estudava e já dava aulas em escolinha de vôlei. Com 21 anos, depois de jogar no time de Três Corações (MG), tive a chance de me tornar técnico, e de lá para cá não parei mais.
Como foi sua trajetória como treinador antes de chegar ao Taubaté?
Maurício Thomas – Meu começo como técnico foi com categorias de base. Depois passei pelo Flamengo (RJ), onde fui assistente técnico do time feminino, foi uma ótima experiência. Depois trabalhei no feminino do Vasco, onde fomos vice-campeões da Superliga. Trabalhei em Brasília novamente, ficando três anos como técnico. Passei pelo Barueri, Osasco, e por 14 anos trabalhei na Seleção Brasileira, sempre nas categorias de base no feminino. Foi um trabalho que rendeu muitos frutos, revelamos grandes atletas que hoje estão aí na Seleção adulta. Depois fui para a Turquia, onde tive uma experiência muito boa, ganhamos tudo, inclusive a Champions League, que é um torneio muito difícil reunindo a elite dos clubes europeus.
Como surgiu a chance de integrar a comissão técnica do EMS Taubaté Funvic?
Maurício Thomas – Depois de voltar da Turquia, eu estava trabalhando com uma equipe feminina em Santa Catarina (Balneário Camboriú) e quando o Renan Dal Zotto – com quem eu já tenho uma longa amizade e já havíamos trabalhado juntos – recebeu o convite para treinar o Taubaté, prontamente me ligou e disse: “Maurício, acho que é hora de você trabalhar com um time masculino”. Inicialmente, fiquei um pouco em dúvida, porque toda a minha carreira foi trabalhando com o feminino. Mas, resolvi aceitar e encarar o desafio. O time que nós assumimos era muito qualificado, grandes jogadores, numa cidade que abraçou o projeto vitorioso da equipe. Todo treinador sonha em ter essa oportunidade e hoje estou muito feliz aqui. Vejo o projeto muito sólido, pessoas competentes envolvidas com o time, e um ambiente assim era o que eu sempre quis no Brasil, e não é fácil de encontrar, infelizmente. Taubaté hoje é exemplo para todos os times do Brasil.
Quais foram as chaves para que o time conseguisse chegar ao título da Superliga 2018/2019?
Maurício Thomas – Quando recebi a ligação do Renan para virmos para cá, eu analisei a situação do Taubaté naquele momento da Superliga. E vi um ótimo time, mas não conseguia achar o problema que tinha levado a equipe àquela condição. Tinha dois grandes levantadores, três grandes centrais, quatro grandes ponteiros… Isso não é problema, é uma vantagem. Eu e Renan concordávamos com isso, e sabíamos que a missão era tirar o máximo daqueles atletas. Eles tinham vontade de ganhar aquele campeonato, e o que nós fizemos foi alinhar todos com o mesmo pensamento, canalizando as energias para o mesmo ponto. Não fizemos mágica, apenas transformamos problemas em soluções.
Você teve larga experiência treinando mulheres. E agora está trabalhando com o masculino. Quais as principais diferenças entre trabalhar com homens e mulheres?
Maurício Thomas – É bem diferente. Com as mulheres há a questão da TPM (tensão pré-menstrual), elas são mais sensíveis, nós temos que ser mais observadores, temos que ter cuidado com o trato. Mas as mulheres são muito dedicadas, trabalham muito eu sempre gostei de trabalhar com o feminino, elas me ensinaram muito. Quando vim para o masculino, encontrei um ambiente diferente. Os caras são trabalhadores, mas encerrado o treino, acabou. Não tem essa de dar atenção. O homem é mais direto e mais frio. No fim das contas, o fato de ter trabalho no feminino, me ajuda muito no masculino.
O que você espera do Taubaté na temporada 2019/2020?
Maurício Thomas – O desafio é maior. É muito mais difícil se manter no topo do que chegar até lá. Todo mundo quer vencer o Taubaté, todos querem crescer ganhando do time campeão, e as nossas responsabilidades aumentam. As expectativas de torcedores, patrocinadores e dos jogadores aumentam, e isso consequentemente aumenta a cobrança. Nós trabalhamos isso de forma natural. O time foi montado para vencer, mantivemos a base e hoje temos um grande time que brigará por todos os títulos.
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