O clássico entre EMS/Taubaté e Sada Cruzeiro, na noite deste sábado, no Abaeté, teve uma temperatura elevadíssima. Uma das mais quentes dos últimos tempos. E poderia ter chegado a patamares sem precedentes se o desafio eletrônico não tivesse sido usado.
Numa exceção à regra, o equipamento de auxílio aos árbitros, de propriedade dos mineiros, foi utilizado na partida com mando dos paulistas. Até então na Superliga 2019/2020, a tecnologia havia sido usada em jogos com mandos de Sada, Fiat/Minas, Dentil/Praia Clube e Itambé/Minas. Uma decisão de bom senso dos envolvidos (clubes e CBV), vide o passado recente de tensão entre os arquirrivais. Sem o desafio, arrisco a dizer que o jogo talvez nem terminasse. Vamos as fatos.
Como o Abaeté não tem um telão para times, comissões técnicas e torcida verem os replays do desafio, um monitor foi colocado atrás do segundo árbitro, entre os dois bancos de reservas. A cada pedido de intervenção da tecnologia, as equipes praticamente se misturavam para ver os lances. E num deles, no terceiro set, Renan Dal Zotto e Marcelo Mendez se estranharam. Um tocou no braço do outro, ninguém gostou e houve um princípio de confusão. A arbitragem deu cartão vermelho para ambos.
Após um cumprimento apenas protocolar ao fim do jogo, eles conversaram e pareceram se entender. Para o bem geral do vôlei, que fique apenas nisso. Ambos comandam as respectivas seleções, os dois principais times do Brasil e são detentores de renome internacional. São exemplos para tantos outros do meio. E que seja para o lado bom, o positivo!
O desentendimento aconteceu, além da tensão natural de um clássico entre Taubaté e Cruzeiro, por conta da dificuldade de o desafio esclarecer algumas marcações. E não foi apenas o lance da confusão entre os treinadores a gerar dúvidas. No primeiro set, o clássico ficou parado por mais de três minutos. Renan alegava ter pedido o desafio no meio do ponto. A arbitragem deixou o ponto seguir e reviu um outro momento. O treinador da Seleção reclamou demais com o segundo árbitro, sem sucesso. No decorrer da partida, ainda aconteceram pelo menos duas bolas desviadas de leve no bloqueio com decisões contestáveis (uma delas apenas com o replay por outro ângulo do SporTV a marcação ficou mais clara), um saque definido pela transmissão de Sérgio Maurício e Marco Freitas como “o mais dentro dos saques para fora”, com a bola praticamente criando um prolongamento branco na linha e, para fechar com chave de ouro, o lance decisivo do jogo precisou da intervenção da tecnologia.
Inicialmente, a chamada foi de toque na rede do bloqueio do Cruzeiro. Na verdade, após a revisão, quem tocou na rede foi Leandro Vissotto, com a perna. E a tecnologia garantiu a vitória mineira por 32 a 30. Sem ela, é impossível prever o que poderia ter acontecido neste jogo.
Por Daniel Bortoletto