A vitória do Itambé/Minas por 3 a 2 sobre o Barueri, na noite desta terça-feira, me fez refletir. Não apenas pela ótimo jogo de vôlei, repleto de alternâncias e grande momentos. Mas por dois aspectos em especial.
O primeiro aconteceu no início do quarto set, quando a capitã minastenista Carol Gattaz caiu, bateu a nuca no joelho de Léia e ficou imóvel no chão. Naquele momento, o Ginásio José Correa ficou em um silêncio ensurdecedor. Clima tenso. No atendimento, se juntaram as equipes do Minas, do Barueri e até do Samu. Um momento em que a rivalidade deu lugar a sentimentos tão em falta na sociedade atual: compaixão, empatia, solidariedade. Quando Gattaz terminou de ser atendida e se levantou, o ginásio, que em sua maioria torcia por Barueri, aplaudiu e gritou o nome da atleta.
É a essência do esporte. Ou como deveria ser. Estádios, ginásios e instalações esportivas em geral (sem esquecer das redes sociais) viraram um ambiente tóxico, que vê o adversário como inimigo, que troca aplausos por xingamentos, que muitas vezes ultrapassa limites da boa convivência e da educação com ofensas pesadas e gratuitas.
Ao fim do jogo, um gesto de Macris ajudou a ressignificar a importância de um ídolo perante seus fãs. Durante a entrevista ao Canal Vôlei Brasil, ela foi avisada de que o ônibus da delegação do Minas partiria para o hotel em breve. Ela poderia ter sido monossilábica nas respostas para encerrar com rapidez a conversa com Bruno Souza e Fofão. Preferiu avisar o supervisor do time de que ficaria ali e arrumaria uma carona ou táxi para retornar. Tudo isso para atender também os fãs ainda presentes no ginásio em busca de uma foto, um autógrafo, um momento perto dela.
Não é a primeira vez que Macris faz isso. Certamente não será a última. Prova como alguns ídolos do vôlei aprenderam a dar o valor para seus fãs. Sabem a importância desta troca de energia, de momentos únicos para quem, às vezes, tem uma ou outra oportunidade no ano para um encontro. Com gestos assim, atletas como Macris mostram grandeza.
Obrigado pela terça-feira, vôlei! Existe muito mais do que ganhar ou perder no esporte.
Por Daniel Bortoletto
