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Opinião: Delírio virtual é muito cruel com Lang Ping

Daniel Bortoletto aborda a situação delicada vivida pela treinadora chinesa Lang Ping, mais uma vítima de crimes virtuais
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A eliminação precoce da seleção feminina da China nos Jogos Olímpicos de Tóquio, após três derrotas em quatro rodadas, escancarou como é cruel o mundo virtual. E como ele capaz de fazer o mundo real das pessoas desmoronar em instantes.

Paranoicos alienados criaram um movimento criminoso na internet acusando a treinadora Lang Ping de ser uma “espiã americana infiltrada para prejudicar a China”. Nada mais delirante. Uma teoria da conspiração que beira a loucura. Infelizmente, algo costumeiro em tempos de fake news.

Lang Ping é um dos maiores nomes da história do vôlei em todos os tempos. Campeã olímpica como jogadora, em Los Angeles-84, conhecida como “Martelo de Ferro” pela potência dos ataques, e como treinadora, na Rio-2016, responsável por lançar uma geração muito talentosa, capitaneada por Ting Zhu. Com Lang Ping, a China mudou de patamar e virou potência. No fim da década de 1980, ao encerrar a carreira como atleta, ela se mudou para os Estados Unidos. Estudou para fazer a transição para treinadora e aperfeiçoou o inglês. Ganhou outro apelido: Jenny. Na cabeça dos lunáticos irresponsáveis, ela deve ter recebido um “chip americano” e ter virado uma traidora.

A entrevista divulgada pela mídia chinesa, neste fim de semana, mostra uma Lang Ping abalada, abatida, fragilizada, triste. Ela diz que não fez bem o trabalho e se desculpa. Assume a responsabilidade pela eliminação prematura das atuais campeãs olímpicas de vôlei. Ainda não é oficial, mas Lang Ping deixará o cargo. Segundo ela, para abrir espaço para “jovens”.

Sem Lang Ping, a China perderá. O vôlei também. E quem vive anonimamente destruindo vidas e reputações terá feito mais uma vítima.

Por Daniel Bortoletto

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