A aguardada primeira convocação da Seleção Brasileira feminina em 2019 saiu na noite desta quinta-feira. E o nome de Camila Brait foi uma das surpresas.
A líbero está afastada desde 2016, quando foi preterida antes da Olimpíada do Rio pela comissão técnica de José Roberto Guimarães (Léia foi a escolhida após uma performance melhor no extinto Grand Prix). Brait anunciou, via redes sociais, o encerramento do ciclo com a Amarelinha. Quatro anos antes, em Londres, Brait foi cortada já na Inglaterra, com Natália sendo mantida no grupo mesmo em recuperação física. Dois baques que fizeram a jogadora colocar a Seleção em segundo plano na carreira.
“Se o final é tão triste não significa que a caminhada não valeu a pena”, escreveu na ocasião.
Camila Brait, neste intervalo, viveu a experiência de ser mãe, voltou ao vôlei competitivo e tem demonstrado o alto nível dos seus melhores momentos. Atualmente não é nenhum exagero dizer que é a melhor da posição no país. Pela lógica do esporte, deveria sim ser convocada por mérito.
A boa fase, porém, não fez com que as mágoas do passado fossem totalmente superadas. Ainda não é oficial, mas Brait deve pedir dispensa da convocação de Zé Roberto. Talvez repita o discurso das últimas entrevistas, dizendo que priorizará o Osasco/Audax, seu clube, e a família. Uma forma educada para não dizer que ainda não engoliu as duas decepções olímpicas.
Para qualquer atleta de alto rendimento chegar tão perto de duas Olimpíadas e ficar fora aos 45 minutos do segundo tempo não é nada simples. Estamos falando do auge de uma carreira esportiva. É preciso entender o lado da líbero.
O que não entendo é não ter havido um entendimento prévio entre Brait e Zé Roberto antes do anúncio da lista de convocadas. Um novo pedido de dispensa só cria um desgaste maior para ambos, resgatando todo o histórico anterior, com suas mágoas e frustrações.
Torço, de verdade, para que os lados envolvidos entrem em acordo. Pelo bem do vôlei nacional.
Por Daniel Bortoletto
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