A fase final da Liga das Nações acentuou o principal problema da Seleção Brasileira masculina: a confiabilidade da linha de passe.
O fundamento, durante tanto tempo um diferencial do Brasil, atualmente é uma dor de cabeça. Aquela insistente, às vezes parece até curada após tomar um analgésico, mas volta com tudo assim que passa o efeito do remédio.
Contra o Irã, a dor de cabeça virou uma enxaqueca com a atuação muito instável do líbero Thales. Na atual formação de Renan Dal Zotto, ele é peça-chave e o responsável pelo passe, já que a defesa é incumbência de Maique no revezamento dos dois pela posição. E o especialista do fundamento teve muita dificuldade para controlar o saque iraniano.
O Irã, ao perceber a dificuldade de Thales, mirou o saque flutuante no líbero. Algo difícil de ser ver, já que os ponteiros costumam ser os alvos. E deu para ver que Thales sentiu. Em algumas paradas técnicas, Renan dedicou um tempo especial para o atleta, ciente de que o estilo de jogo brasileiro, com bolas mais velozes, necessita de um passe consistente.
Aqui não existe a tentativa de crucificar ninguém. Thales teve bons números na fase de classificação da VNL, fez uma Superliga bem regular com o campeão EMS/Taubaté e está na Seleção por méritos. E até por isso deve ser cobrado.
A preocupação com o setor ficou clara antes de a partida começar. O técnico brasileiro optou por substituir Leal por Douglas Souza, objetivando um passe mais regular. Mas o campeão olímpico iniciou mal e acabou sacado. E não para a volta do cubano naturalizado ao time titular. Maurício Borges foi o escolhido, em busca da segurança na recepção.
A dificuldade já permite antecipar uma discussão para 2020. Diferentemente das competições da FIVB (Liga das Nações, Mundial, Copa do Mundo), a Olimpíada não permite a inscrição de 14 atletas por time. São apenas 12. E com tal limitação é inviável manter dois líberos no elenco.
E assim Renan terá de “sacrificar” um deles e utilizar o mesmo líbero para passar e para defender. Neste caso, a dor de cabeça será do comandante e da comissão técnica.
Por Daniel Bortoletto