O Sada/Cruzeiro, hegemônico no vôlei brasileiro e sul-americano em boa parte desta década, está diante de um grande desafio, talvez um dos maiores na história do vitorioso projeto.
Pela segunda vez consecutiva encara desvantagem de 0 a 2 numa série semifinal de Superliga contra o EMS/Taubaté. No ano passado, virou para 3 a 2 e acabou conquistando o título nacional pela quinta vez seguida. Conseguirá repetir a dose agora?
Para começar a análise, vou repetir uma expressão já utilizada em outros momentos: é bom nunca duvidar do poder de reconstrução e recuperação do Sada/Cruzeiro.
Marcelo Mendez já provou nas últimas temporadas a capacidade de refazer times diante de baixas importantes. Foi assim com Wallace, com William e agora ele tenta “pedir música” sem Leal/Simon. O técnico argentino, desta vez, admitiu que a tarefa era mais ingrata. Pediu tempo para colocar o melhor time possível em quadra após ser eliminado precocemente no Mundial. Caiu na Libertadores, mas faturou Copa Brasil e Sul-Americano. Na Superliga mais equilibrada dos últimos tempos ficou atrás do Sesi na fase de classificação.
O americano Sander cresceu de produção durante as campanhas, principalmente na conquista continental. No jogo de terça-feira, porém, demonstrou certa limitação física. Uma proteção no joelho, um pedido de atendimento no quarto set, a extrema preocupação de Marcelo Mendez quando o ponta tentou salvar uma bola e quase se chocou com a estrutura dos mesários… Tudo isso me passou a impressão de ter recebido menos bolas do que deveria em um jogo tão importante por conta de não estar 100% fisicamente. Isso fez o Sada/Cruzeiro depender demais de Evandro em certos momentos.
Some a isso a irregularidade no saque. O fundamento se transformou, ano após ano, numa das armas mais letais do time cruzeirense. Nos dois jogos da semi, ele fez estragos, como sempre, em vários momentos. Mas a quantidade de erros foi acima do normal, algo que atrapalhou bastante a performance da equipe. Uma falta de regularidade que custou caro até aqui.
Para piorar a vida cruzeirense, o EMS/Taubaté vive o melhor momento na temporada. Renan Dal Zotto conseguiu, em pouco mais de um mês de trabalho, dar um padrão ao time. Primeiramente ao definir uma base titular. Parece que os atletas jogam por ele, algo que eu via na época de Daniel Castellani. A força do elenco também apareceu. O argentino Conte deu conta do recado ao substituir Douglas Souza, com um problema na costela, até mesmo improvisado como oposto na reta final do último jogo. O compatriota Uriarte entrou bem no lugar de Rapha na terça. Lucão, um reforço para esta Superliga, cresceu de produção. E Lucarelli voltou a jogar o melhor vôlei desde a delicada cirurgia no tendão de Aquiles, uma excelente notícia para Renan na Seleção, inclusive. Parece não ter mais receio, algo comum para quem sofre tal lesão, e está voando.
Todo este cenário faz o desafio do Cruzeiro ser bem maior do que na semi da temporada passada.
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